O meu melhor e o Meu pior está no Tao. E tudo é Impermanente.

É íncrivel que podemos saber o nosso melhor e o nosso pior. Podemos aprender milhões de coisas de sinapses e da impermanência de tudo ao nosso redor e ainda assim as vezes somos o melhor e o pior. 

Eu nao paro de tentar observar como uma pessoa de fora o mundo e eu mesma. E dentro disso vc pode enlouquecer como Ian Karmazov, ou se iluminar como alguem que observa por fora para ser de dentro. De qualquer maneira de repente voce cai num velho costume, e de repente libera adrenalina e o seu pior.

Saí da Birmania grata por tudo. Do laos e da Tailandia a cada segundo igual. 




Parto da Mut Mee levando minhas amigas da cozinha para fazer massagem. Thia já tinha ganho de mim uma vez e fica muito feliz. Yong me abraça comovida. Noy nao diz nada. E Maan agradece mas me devolve porque ela nao gosta de massagem.

Sei que vamos juntas e descubro que Noy nunca tinha feito. E ela me abraca de um tanto. Ela que sempre foi tao reservada mostra mais afeto que nunca. E nós três  ficamos la. 


Naquele dia as 3 irmãs não estão. So está Pi Yang. Na Tailandia chamamos de Pi a uma pessoa mais velha. E eu e Thia sentamos e vemos Noy ser massageada, ela ficar tao feliz.  

A Pao está trabalhando mas a noite me convida para ir a outro lugar, mas o por do sol esta tao lindo que ficamos nele.  Meu adeus a tantos já é naquela ultima noite, parto no dia seguinte.

Noy e Thia me levam ate o moço que me levou antes. Eu nao sabia mas Thia me lembra. Voce tinha pé quebrado e ele te levou em 2012. Ele tambem nao sabia. 


Eu pego um voo de outra cidade e lá eu converso pouco como os desconhecidos. E chego no aeroporto Internacional de Bangkok as 8:30. Meu voo para Abu Dhabi sai as 2 da manha.

Ando todos os cantos daquele aeroporto, vejo todas as echarpes, roupas, comidas, e nao entro em nenhuma loja europeia ou americana. Vou nas coisas da Tailândia. Quantas echarpes bonitas.  

Depois de andar muito resolvi sentar perto do meu voo e no lugar onde se carrega o telefone. Tem uma torre onde ha muitos carregadores. De um lado quatro cadeiras livres, na frente mais 4 e por tras 3 dos dois lados. Escolho um lugar onde está do lado do carregador e ninguém está sentado.

Do lado oposto há uma menina. Atrás duas meninas e só. Sento e coloco meu telefone para carregar e ligo pelo whatsapp para o André. Estou lá conversando com ele e o pior de mim acontece. Aparece uma senhora que diz:
“Voce se importa de mudar de lugar? Eu ja estava instalada aqui. Nos somos um grupo.”

Eu literalmente achei o fim do mundo…. havia 3 cadeiras do lado do meu, mais 3 do outro mais duas na frente, e tres atras. E isso despertou o pior de mim. Não hesitei e disse.

“Voce pode me dizer de onde a senhora é?””

“Porque?”

“Porque me intriga como algumas pessoas acham que tem mais direitos que as outras, que está na mente delas que dizer de maneira meio polida saia de onde você está porque na minha cabeça eu ja estou aí.”
Claro que ela fica chocada… e diz
“De onde voce é.”
“Nao preciso te contar, nem vc precisa porque eu sei que vc é americana. E eu conheço esse tiipo de comportamento.”

Nem preciso dizer que ela ficou muito brava. E de cara comecou a falar que nao acreditava que eu falava aquilo. Eu mudei de lugar e fique atrás e pude ouvir ela falando do pre-conceito que tinham deles americanos. E acordou em mim o pior mesmo. Me lembrou de mim mesma em  NY durante 11 de setembro. A violencia infringida no Afeganistao, no Iraque, no norte da Africa… Nos arabes e agora na America do Sul mais uma vez.

Na real eu aceitei o presente porque eu fiz uma ligacao de mentira para ninguem dizendo em voz alta.

Estou em BKK esperando meu voo. Tipico comportamento de colonialista, imperialistas se deu. Daqueles que todo emperio faz com micro simpatia e manda uma pessoa sair do seu espaco, dos seus costumes, faz mil propagandas das suas liberdades e passa por cima dos outros. Falei de tudo. Desde flutuacao de economia, vantagens de bancos, de consumismo do trabalho dos outros, da falta de respeito por culturas diversas. E muito e muito mais.

Claro, que isso era verdade, mas eu tinha aceito o presente. De re pente ouço que meu voo está para partir. Saio correndo. Só me falta essa perder meu voo. Corro, Corro e quando entro no voo estou ofegante, com vergonha de mim mesma. 

Sinto adrenalina e verdadeiro desespero de que isso me leve a um ataque epilético. Lembro que tenho frisium que minha medica tinha dito. No caso, de voce achar que vai ter, toma meio. Tomo, entro pedindo desculpas as senhoras ao meu lado. A menina do meu lado nao entende porque.

Ela é Tailandesa e quando explico a verdade ele me diz que entende eu sentir o que sinto porque ela mesmo sabe que isso é real. Assim como a Pao prefere nao trabalhar na Mut Mee que é dela porque os ocidentais se sentem melhor. Falam por cima dela entre eles como se ela não compreendesse.

A Pao me vem a mente e eu penso que preciso sair fora do presente. Fecho meus olhos ainda meio apavorada e com medo de ter um ataque epilético no meu voo…. antes de decolar. Demora para adrenalina cair. Nao é assim: Agora sei. Tá ali a energia. Eu penso no meu pe. Eu o sinto. Trago energia lá. 

Lembro das palavras da Pao precisamos sair do mundo, para chegar dentro de nós mesmos. Só assim estamos no mundo e nao nos disfarçando de nós mesmos e do mundo com qualquer coisa.

Consigo. Quando durmo. Paro e até tenho a sorte de falar com a Dra. Euthymia e contar. Quem poderia imaginar. De Abu Dhabi podemos falar do facebook. No meu voo para o Brasil estou do lado de um engenheiro que trabalha na Gerdau. Eu na verdade nem sabia o que era. Ele voltava do Japao e me contou da Gerdau que se aliou a Sumitomo. E sendo eu, pergunto tudo. 
Ele é carioca, mulato, casado, com filhos, fundicao de metais e pela primeira vez na Asia. Pergunto se havia pre-conceito no ramo dele tendo ido para o sul. E claro que sim.

No entanto, ele me contou que ignora quem o mal trata. Expliquei para ele a historia do presente e se desfez ali a minha preocupacao. Eu na verdade nem teria me lembrado disso tudo se meu pai nao tivesse me ligado hoje e perguntado como tinha sido a minha volta.  Eu tinha esquecido. Meu pai me disse que ele jamais teria levantado.

Contei para ele um Thai nao me pediria para Sair, nem ninguem da Birmania, nem no Laos e que para completar o total abuso a senhora deitou em 4 cadeiras do lado da filha deitou em mais 4. 

Mas não acredito que ficar sentada seria a coisa certa. Entrar no debate não me fez bem. Qual será o caminho certo? Imaginar que o caminho de cada um é de cada um? 

O fato é que eu acordei nela braveza e em mim desespero. Ninguém ganhou, porque nao existe a menor chance dela ter percebido. Pelo menos espero que eu tenha percebido que há certas batalhas que sao máscaras  de dores antigas, revoltas antigas , de uma política mundial.

Cheguei na minha casa e a Nininha que trabalha aqui há anos, e vem uma vez por semana, veio aqui agora e já está com sua blusa da Birmania. Minha avó com seu casaco  e eu coberta de cores. 

Esssas pessoas daqui estao encantadas pelo mundo de lá. E o meu mundo de lá, tem que ser em qualquer lugar. 

O mundo de aprender estar fora como um monge para poder estar dentro de fato. Insh’allah como diria meus amigos do mundo Arabe. Se deus Quiser alguns daqui.  D’us’, Buddha e tantos outros nomes de figuras que podem acordar o nosso melhor, ou pior. 

Nada disso tem a ver com as imagens ou com as crenças mas com a nossa condicao humana. O fato de que temos um cerebro que nasce metade não formado e nos seus cinco anos de formaçao é tao influenciado ao mesmo tempo pela genética e pela cultura que vem sempre das pessoas.

Precisamos praticar o melhor. 

Graças a Fé Império vi o vídeo ideal da Monja Coen que ela fala de um monge vietnamita . Ideal 🙂

 

 

 

 

 

 

 

Do Amanhã sabemos que o sol se põe. Da China, da Europa, dos EUA não sabemos muito.

Aqui na Tailândia existe mil histórias. Em geral todo mundo sabe que esse rei Pohumibhol é adorado por todos. Eu pelo menos todas as vezes ouvia as pessoas falarem bem dele.

Aqui se chama Rama e é o nono. Ele já tem 88 anos e todas as vezes que eu estive aqui e teve algum problema na cidade ele ia para rua para ajudar a limpar. As pessoas todas pareciam gostar muito dele e da filha e não gostavam do filho.

Também tem toda a história das pessoas das camisas amarela e das vermelhas mas eu não me sinto apta para fazer um resumo deste conflito . Mas vou tentar um Male Male 

Em poucas palavras é meio assim os camisa vermelha apoiam o Thaksin Shinawatra 


Ele era primeiro ministro e foi retirado pelos militares em 2006 e depois re-apareceu no poder por trás da sua irmã. Ele exilado muitos achavam que na verdade era ele no poder. Se ela ia a Birmânia na semana anterior lá estava ele. Era carregado de corrupção etc e tal.

Os camisas amarelas eram os que se opunham à Tashkin e era um “movimento da rua” dos educados, nacionalistas, realistas etc e tal


 A batalha dos camisas vermelhas e amarelas é complexo. Do lado dos vermelhos tem estudantes, gente de esquerda, ruralistas e ironicamente alguns de businesses que se opõe ao controle militar. 


Importante dizer que o Tashkin era o homem da telecomunicação. Já os camisas amarelas eram a favor do mundo real, classe média alta, e da população urbana. Ou seja, ninguém sabe o que se passa aqui quando esse rei adorado morrer.

Num desses dias a Pao me levou a uma Pagoda e quando chegamos lá ela me explicou a história dessa Pagoda que tem a ver com o quinto rei. Ou seja, faz uns uns 400 anos.

Ela se chama Wat prathat bangpuan  e tem muitas construções por lá.

Fica no sul de Isaan. E há 400 anos os chineses invadiram o Laos e chegaram até aqui. Essa Pagoda é o local onde os camponeses se esconderam para não serem mortos pelos chineses e terem suas comidas roubadas e se organizaram para poder expulsa-los.

Quando digo que tem coisa demais para explicar é porque tem. Quando cruzei para o Laos dessa vez  o nosso taxista quis nos levar para o bairro chinês.

Como assim bairro chinês ????

Pois é faz uns anos que o Laos alugou uma parte da terra por 99 anos para os Chineses. Assim como os ingleses fizeram com Hong Kong e nós obviamente não vamos saber se devolvem ou não. O que já sei é que meu taxista quer me levar lá porque os chineses o pagam.

Pao acha que é loucura confiar em chinês e mais ainda deles estimularem o comércio das coisas chinesas no Laos.

E claro que temos ao mesmo tempo eleição do Reino Unido vindo da enorme insatisfação querem sair do União Europeia. Há enormes disputas sobre isso mas eu vejo que vem da insatisfação, acorda o pre-conceito, dá uma noção de voltar ao poder do Reino Unido do passado com a alta chance de falência do estado, privatização da saúde e escola.

Nunca achei que o Reino Unido querer sair como a Alemanha e a França era sinônimo de movimentação para esquerda é mais o caso de insatisfação econômica desfarçada de ser social e que tende a levar a alta flutuação de moeda. Destruição de economias para benefícios de alguns poucos. E na hora de cortar custos de estados mais falidos deve vir privatizações e pre-conceitos.

Então me vem à mente a minha amada Birmânia. Toneladas de dinheiro da China e Japão que os da direita dizem que a China está fraca mas  a China ” gambles” por tudo que é canto e fomentam ideias de liberdade com telefones Huawei e internet que no final tem alto custo.

O FMI, o Obama  Harward e MIT podem dizer oque quiserem mas jamais me convenceram que verão o fim do euro como negativo, é sinônimo de dólares mais fortes. The economist pode falar o quanto quiser que a China não é mais forte. A China por esses lados compra terra de outros países e joga para os dois lados.

Eu sento na Pagoda e medito. E a Pao tira uma fotografia de mim enquanto eu tento lembrar do sentar e ficar de fora e de dentro.


 Quando volto para Mut Mee olho para o Mekong vejo o sol se por. Do amanhã a única coisa que sei é que o sol se põe.

Budismo e uma serpente na frente do templo

Hoje é meu último dia e noite em NK e eu estou tão cheia de histórias que nem sei por onde começar

Quando eu disse que aprendi muito do Laos é porque eu tinha esquecido o que os guias e livros de fora tinham dito. E estava com a Pao que consegue falar com os locais e em inglês. 

A Pao é professora de inglês e conheceu o Julian há anos quando ela estudava inglês. Ela é a professora que não liga para disciplina e como ela disse “a não ser que a pessoa sinta que tem mais ou menos a mesma idade a pessoa se inunda de vergonha, desconfiança e não tenta nada.”

Professora que é professora é assim. Não é a senhora da verdade, mas aquela que te ensina ter confiança de tentar e nem ligar muito para erro. Sem erro não tem acerto.

Então do meu lado tenho uma amiga de anos, tenho uma professora e uma mulher budista. Tudo que ela já me mostrou e contou exige muitos posts.

O budismo desse lado é Theravada que veio da Índia. E eu já estive por esses lados 2009-11-12-13 e agora 2016. A prática comum é a meditação. 


Eu tinha aprendido no passado que você só deve casar com um homem que já foi monge. Não militar mas monge.

Ontem a Pao me explicou que isso vem do fato de que essa era a única forma de ter educação de graça. E era a única forma que um homem aprendia a ser homem. Que é lidar com ele mesmo.

A Pao me explicou que se ordenar era no passado ficar de 3 meses até um ano. Hoje em dia meninos fazem por 7 dias, por causa do trabalho, que ela acha que é meio piada.

Ser um aprendiz não é debater e ler é aprender deixa o mundo de fora fora e sentar e meditar. Meditar é observar a sua dor, a sua respiração, é conhecer profundamente seu corpo. É reconhecer de onde vêm as dores, de que atos, quais são as energias, sinapses.

Eu já fiz muitos retiros de meditação. O mais difícil é o do Goenka. São 10 dias pelo menos de abandonar seu telefone, computador, livro, caneta, conversa. É comer duas vezes por dia e sentar umas 10 horas por dia de meditação. É aprender a não se mexer diante da dor. É sentir o ar.

Aqui normalmente têm a meditação sentado, andando e deitando. A Pao me explicou que enquanto não conseguimos ficar com a dor, ficamos no mundo sem estar nele.  E de fato somos tão distraídos por tudo que mal nos conhecemos. Usamos o fora para saírmos de nós mesmos.

Todo templo tem mil pequenas histórias atrás dele. Aqui na entrada sempre tem uma serpente. A serpente vem debaixo da terra e se fantasia de homem para se ordenar como monge. 


Assim que ela está para se ordenar percebem que não é um ser humano. E ela não pode virar monge. Pao me explicou que Buddha está tão impressionado por tamanha determinação que a permite ficar na frente dos templos. A serpente o guarda.


Quantas serpentes já vi? Quantas pagodas, stupas, templos que eu entrei sem saber porque estavam ali. Eu sempre as achava belas mas nao sabia porque estavam lá.  No Laos o homem de verde guarda ainda lá para fora. Lá dentro está a serpente na frente do templo.


Pao me explica que por isso todo homem precisa se portar como a serpente com determinação , com humildade, e com lidar com sua identidade. É sempre necessário ir descalço para qualquer templo ou dentro da casa.

 


E graças ao Min Min diante do sino sei que devo toca-lo. Há diferença entre Mahayana e Hinayana. Os Theravada são Hinayana e eu os respeito como respeito tantas religioes. 

Fui de ser ateia fundamental para abandonar filosofias e prestar atenção nas pessoas. Em qualquer canto tem seres humanos. Todos nós temos sinapses e vícios químicos dos nossos corpos.

A difícil batalha é diminuir as sinapses ruins. Uma vez viciados nessas dopamina vamos criando situações nós mesmos para o pior. 
Precisamos não aceitar esses presentes.  Não entrar nessas disputas. Não querer vencer. 

Precisamos a ajudar o outro acordar o que há melhor dele. Os tibetanos me disseram há muito tempo atrás
 “não aceite esses presentes se não você é parte do discurso.”


Estou para partir e já sinto falta dessa terra onde tudo flui.

Como será que todos nós ganhamos?  O não aceitar o presente muitas vezes vira separações.  

Dessa maneira eu também acho que todos perdem. É sempre um outro vicio aceitar qualquer coisa ou partir de algo que parece não te dar valor.

Por trás eu acredito há sempre uma razão. E devemos descobrir o porquê de algo antes de decidir partir ou ficar. 

Agora eu até penso na serpente  e peço que ela me proteja. Proteja o que mais dou valor e que nao deixe presentes errados entrarem.

Goiabas, Arte e a ponte da Amizade.

Aqui na Tailândia eles chamam os ocidentais de Farang. Farang é nada mais ou nada menos que goiaba. Eles te explicam que é porque são brancos. E eu rio porque penso que no Brasil chamar alguém de goiaba é hilário e mais ainda pensar que são os ocidentais 😉

No entanto, ser branco é sinal de ser rico e não ser camponês  que fica se queimando o dia todo nos campos de arroz. E quando vim ser voluntária em 2009 eu escolhi ficar em região de fora da cidade. Eu fazia mestrado na Inglaterra e me considerava totalmente apta para o campo por ser da América do Sul. 

 

Claro, que sou dá América do sul da cidade de São Paulo, o que significa não saber nada de nada do campo. Eles me colocaram nessa província de Isaan. Isaan é a região mais pobre econômica e a cidade onde fiquei tinha umas 30 casas. Vim parar em NK por longas historias mas principalmente porque era assim que cruzava para o Laos.

Estive no Laos duas vezes e cruzei o país de ônibus de barco e aviao  e a verdade é que eu nunca conheci tão bem o Laos como ontem. Contei para Pao que tava pensando em ir passar um dias em Vientiane para procurar echarpes e Pao disse que viria comigo. Era sábado e ela estava livre do seu trabalho como professora.

Tanto ela como eu acordamos muito cedo e resolvemos ir as 8. Fomos no seu carro , tiramos fotos e ela é a Thai que fala inglês e eu conheço há anos.


Tiramos fotos nos despedindo de Nong Khai. Deixamos o carro e andamos para imigração. Quando você chega na Tailândia a coisa mais sabida que há é que você preenche um formulário e não pode perder o papel porque tem que devolver na saída. 

Quem é da América latina tem que ter certificado de vacinação de febre Amarela. E eu como não posso tomar vacina tenho uma carta da Dra Karen e todas as vezes que cheguei dessa vez na Tailândia eu tenho que explicar e mostrar o certificado. Ou seja, dessa vez na hora de ir, garanti que tinha todos os papéis e fomos.

Saímos da Tailândia e pegamos o minionibus para cruzar a ponte da amizade e quando chegamos lá eu tenho que pagar o visto. Portanto é só nesse momento que me dou conta que estou sem carteira.

Fico decepcionada e Pao diz que ela paga e eu digo que é melhor voltarmos para eu descobrir se esqueci ou perdi mesmo porque eu sabia do visto e tinha resolvido ir pelas echarpes. Peço mil desculpas e Pao diz que sem pequenas contradições não é divertido. 

A grande emoção é que técnicamente eu na verdade já sai da Tailândia e estou por grande sorte na ponte da amizade ao lado de uma amiga Thai que consegue explicar o caso para a fiscal que concorda de eu entrar sem passaporte. Tanto ela como eu voltamos a Mut Mee deixando nossos passaportes e formulários do Laos com ela. Ela precisa ter alguma certeza que voltamos.

Claro que minha carteira era o item esquecido no quarto e dessa vez pego até um guarda-chuva. Pao me pergunta se eu acho que chove e eu digo.

” Esta nublado se eu não levo chove e se eu levo aí não chove ;)”

Rimos muito e o dia vai se abrindo e abrindo. Tem milhões de coisas para contar desse dia. E resolvi que conto aos poucos.

Ao lado da Pao que pode contar a história é falar aprendo tanto. Quando vejo um homem ali na beira da fronteira, do lado da Tailândia pergunto o que é.
O instrumento de chama Can. É o senhor parece velho. Tem 74 anos. Pergunto se posso tirar foto e ele toca para nós. E nos sentamos ao seu lado. Ele conta a história do Can e dessa música.

Um homem do mundo espiritual desce a terra e nasce feio e escuro, nada tem a ver com os negros africanos ela me explica, e sim com ser tão diferente que é visto como feio.

E então ele pega o Can e toca e todos vão ficando se seduzindo pela música. O homem se apaixona pela princesa e quando ela o escuta tocar se apaixona. Casam -se e ele vira um belo rei.

Pao me diz este senhor que toca e que conta a história  é cego e  que ela precisa explicar que deixamos notas não moedas. Pode jogar fora por nao perceber  os tics de moeda. O senhor fica muito feliz e nos toca mais. Onde será que esse senhor vive? Ele que nem vê.

Parti de lá e não parei de pensar o que será que faz tantos achar que a diferença é feiura? E através da arte, da música todos se encantam com o homem diferente e vem beleza ? Na história ele vira um belo rei. O que será a beleza? Reconhecer o valor da diferença? Ver beleza em quem somos? Vê-las em nós mesmos ? Na beleza daquela música daquele senhor mesmo velho e sozinho parecia feliz. A arte sempre faz isso. Nos faz melhor.
E claro o por do sol foi lindo.

O mercado de Sabado 

Hoje não foi um dia típico e estou tão exausta que conto amanhã do princípio. Começo pelo final do dia que foi no mercado de sábado .

O por do sol estava lindo e eu voltava para Mut Mee com o pensamento sobre o tal mercado noturno do sábado. 

Eu disse a Pao, que é mulher do Julian, que nao me lembrava dele. E ela me explicou que era uma nova ideia. E quando disse que estava um pouco cansada ela me disse que acompanharia mais uma vez. Pela manhã tínhamos ido ao Laos e disso conto amanhã.

O mercado se passa na beira do rio. Lá estão as quitandas de frutas, pimentas, peixes, incestos e tudo mais que vc pode imaginar.

Lá estão muitas barraquinhas coloridas de roupas, telas de telefones, IPad, mochi, maquiagens e muito mais. 

Lá está uma banda que acorda em muitos a vontade de dançar. Parecem casais dos anos 60 que dançam um tango asiático de maneira tão alegre e bonita.

É tanta coisa que fiz hoje que nem sei mais explicar. Tento amanhã a contar mais. Do que sei é que é muito bom estar por esses lados.

Mali e a hora de partir.

Meus dias em NK se passam sempre assim: converso com a Thia, Noy, Yong e Man e elas sempre comem umas coisas que não sei o que é e eu sempre experimento.

Hoj eu experimento isso e adorei porque é algumas fruta com Pimenta sal, etc e tal.

Fico sempre olhando para o belo Mekong e é inevitávelmente aqui eu sempre conheço pessoas muito interessantes. Já escrevi muito sobre muitas delas.

Hoje conheci a Mali que é francesa. Filha de espanhóis e que me contou que em 2005 sua filha que agora tem 50 anos decidiu mudar para a Índia. Foi muito estranho para ela porque sua filha nunca tinha tido interesse pela Índia.

Lá foi sua filha no sul de Goa onde me explicou não estão os viajantes jovens e drogados  que ficam no norte. Lá sua filha foi com dois filhos e encontrou um bom lugar de meditação yoga e resolveu mudar-se para lá e 2 meses mais tarde iria Mali mais seus gatos e cachorro. Lá fizeram uma pousada.


Mali tem 75 anos e me contou que detesta o frio portanto metade do ano passa na Ásia e metade no sul da França. Passa pela Mut Mee e acabou de voltar do Laos e está para voltar a França. Ela gosta de dançar e aprendeu a tocar Diltuba na Índia. 


Contou me que tem um dito em Chinês  “com 70 anos você está livre de tudo para colocar uma mala nas costas e cair na estrada” 🙂

Contou-me que sua mãe morreu com 92 anos e que ela sentia que todas as pessoas têm uma missão para fazer para partir livremente.
Sua mãe viu seu cachorro adoecer e concluiu que era egoísmo demais medica-lo o tempo todo e ele viver mal só por ela. Batalhou para encontrar um veterinário que fosse na casa dela e que fizesse à eutanásia enquanto a sua mãe  o segurasse. 

Fiquei tocada por isso porque sempre sinto dó dos bichos que não podem dizer não ao tratamento como eu disse ao meu. 

Mali contou-me que percebia que a mãe estava se despedindo aos poucos. E que no então havia algo que ainda a prendia na terra. Batalhou para descobrir.

Descobriu que o irmão de Mali tinha abusado sexualmente da filha, e como nada começa do nada traçou o caminho e percebeu que seu irmão tinha sido molestado no tempo que estudou com os católicos.

A mãe ficou acabada , ela tão cheia de fé mas eventualmente escreveu uma carta ao filho o perdoando. Amparou sua neta e então partiu da terra aos 92. Não por tristeza mas feliz.

Mali está bem. E é daquelas senhoras felizes, e jamais teria me contado tudo isso se eu não tivesse contado de mim. Se eu não fizesse tantas perguntas. 

E eu fiquei mais uma vez inundada de felicidade mas não vejo mais razão do porque ir a Bangkok. Fico aqui até meu ultimo dia antes de voltar ao Brasil.

Amanhã tem mercado de rua com coisas feitas à mão e vou com a Thia. Para depois de amanhã já tenho um planinho mas depois conto.

Já fiz a minha massagem. E já me deram chá de gengibre conversamos sobre as nossas vidas. 

Já visitei esse mino templo diferente que é do meu lado. 



Já conversei com os senhores do Turuk.

 

Como é bom ficar na beira do Mekong e olhar belas flores no chão. Como é belo quando elas partem assim: tão belas. Como diz a Mali tem o lado bom e ruim do mundo. Não perca tempo no Ruim. Encontre o belo em cada canto.O Reino Unido não partiu com beleza mas se você estiver por aí e puder e quizer ficar procure o belo, ou uma outra experiência. Seja o que for fique do lado do compassivo e do belo.

Hotel da Mali e filha

http://www.goavoyage.in/index.php/en/2-2/

De Volta a Nong Khai

Estou em Nong Khai na Tailândia. Nem sei dizer quantas vezes já vim para cá. De qualquer maneira sei dizer que desde de 2009 me sentia em casa em Nong Khai ou mais especificamente na Mut Mee.

A Mut Mee é de tudo um pouco. Pousada, hotel, yoga, árvores, rede, comunidade, biblioteca, refúgio de tantos. Fica na beira do Mekong, do outro lado você vê o Laos. Vc chega e tem quarto de todos valores. Ganha um livrinho, pega o que quer, escreve o que quer comer coloca na cozinha e quando você vai embora você paga. 

Ninguém fiscaliza nada porque  é baseado na confiança. O Julian é casado com a Pao, um dos proprietários. Ele é meio inglês meio Palestino  e é um grande contador de histórias.  A Pao é Thai e é professora.

Em 2011 eu trabalhei aqui  até quebrar meu pé antes de ir para a Birmânia. Em 2013 eu fiquei mais de mês aqui antes de ficar em coma em Bangkok.

No princípio eu era a típica turista, ou seja em 2009 só conhecia o Julian e os turistas que estavam aqui. Em 2011 quando contei a ele que tinha abandonado meu ex-marido, doutorado, ido para a Índia me apaixonado por um Israelense e tinha mudado com ele para Itália mas me sentia perdida Julian disse que podia vir e trabalhar aqui.

“Eu? Não sei fazer nada Julian.”

” você sabe conversar com qualquer um” 

e assim eu vim para cá e então fiquei amiga das Tailandesas da cozinha, dos turistas, das prostitutad e até do mendigo.

Que trabalho maravilhoso . Ganhava pouquíssimo para ficar amiga dos que chegavam. Eu aprendia das Tai e dos viajantes. 

Sentava todos os diante na frente do Mekong e todos os dias pensava se aquele dia era o mais bonito. A jornada era de 6 horas sentada na frente do Mekong e debaixo das árvores.


Nunca fui muito de comprar roupas ou bagulhos. Eu fazia massagens e me divertia e ia curando aos poucos a minha dúvida existencial.

Portanto não podia vir até a Tailândia dessa vez e não cruzar o país para ver meus amigos. Acordo cedo e vou tendo contínuos encontros. 

Fico desapontada de perceber que só me lembro Ko Pung Ka. (Obrigada). Sawadika . Pego meu livrinho vermelho e escrevo ” não sei falar Thai” e mais um monte de frases. 

Julian me espera chegar ontem no fim da noite  mas tiro fotos hoje. 


Hoje de manha vejo novas funcionárias e de repente Vejo Noy e Tia . E de repente  Mun e Yong!



E vou ficando muito feliz.  Atén a Claire vem me ver.

Resolvo que não vou fazer nada demais. Ouço das novidades de tudo e daqui. Vejo pequenos detalhes.


 Vou antes das 7 ver as massagistas que conheço há anos! Elas me abraçam, me dão chá e dizem que estou muito bem nas pouquíssimas palavras que temos. Rimos, faço massagem e elas me dizem que eu estou calma.

Peço meu adorado Pad Thai


Vejo a Pagoda 


Fico impressionada pelo tanto que a cidade cresceu. Ando na beira do Rio.

Ando no mercado e compro tantas roupas daqui. A mais cara é 12 dólares. A mais barata uns 2 dólares. E são tão mais coloridas que as que se vê em shopping. Eu adoro. 


Minhas amigas Tai me ajudam a por. A tirar as fotos. Eu sento na rede e passo meu dia assim. Num total prazer do fazer tão pouco e trocar tanto de sentimentos sem muitas palavras.

Minha avó já tinha me dito uma vez que ela tinha comprado uma mAla a mais para trazer tudo que trazia da Tailândia e da África e que eu ia ter que fazer o mesmo. 

Não acreditei. Nunca liguei para comprar nada mas dessa vez fico impressionada de perceber que tem milhões de coisas que eu adoro e que sem duvida não só eu comprei mas eu tbm ganhei. Penso  nos meus pais que usam mala de 6 kg para não despachar e não carregar nada.

Fico impressionada de ver como tudo é tão caro no Brasil e aqui é tanta produção que os valores são baixos. Aqui eles amam as cores e eu também.  E eu nao quero comprar mais nada . Já tenho presentes para minha avó, André , minha mãe , netinha  e muitos para mim. Só Deus sabe como eu carrego isso 🙂


Faz calor, deito na rede, tomo café gelado com leite moça e penso 


Como eu amo a Ásia.  

Dizendo adeus a Birmânia 

Como eu posso nao amar esse país? Quando eu saí de Inle eu perdi os meus óculos escuros e fiquei meio Triste porque tinha mudado a lente  e grau dias antes de vir para cá.

Hoje quando estava partindo de Kalaw além de ganhar a minha Tamei, ganhei aulas de como usá-la. Ouvi mil recomendações e na hora de tirar fotos com Yin Yin tirei os meus novos oculos claros. 


E na hora de partir eu experimentei a Tamei e era tanta coisa para guardar que esqueci os meus óculos claros. Mas pelo menos trouxe a minha Tamei de Chan.


Entrei no ônibus e só percebi que tinha esquecido dos óculos quando quis olhar melhor o que estava na estrada. Olhei as minhas duas bolsas e fiz são “longuinho” para eles estarem numa das malas. Não estávam. Na hora que paramos olho a mochila e é claro que não está lá tampouco.

Desisto de ficar triste e penso que essa perda realmente não merece sentimentos reais de perdas reais. Desço e as jovens meninas estão tão intrigadas comigo que começo falar com elas no pouco que sei da língua, mostro fotos e de repente aparece Kaung Myat.

Eu não sabia seu nome mas eu o via todos os dias no hotel.” Vc esqueceu seus óculos”

Ele veio de moto para me devolver. Eu fico mais uma vez estupefata. Fazia quase uma hora que estava na estrada

” como eu te agradeço?”

” não. Nao precisa de jeito nenhum. Por favor não me de nada.”

Eu o abraço e perguntou se pelo menos posso tirar fotos, pergunto seu nome, ele está no face e trocamos contato.


As meninas do ônibus ficam impressionadas também e me oferecem suas frutas. Depois me chamam para almoçar com elas e na hora que vou pagar elas já pagaram tudo. São mais amigas da Birmânia que tenho no face.


Volto ao hotel de Mandalay e marco jantar com Lone Lone e explico  que sou eu quem a convido dessa vez .

Saio correndo para dizer adeus ao senhor Win. Estão lá sentados do lado de fora. Aqui faz um calorão e eu mostro minhas fotos e posso só ficar uma hora e andar de volta ao hotel. E agora tenho 20 minutos para descer e assim vão acabando meus adeus.


Claro que Lone Lone chega no tempo exato e me pergunta oque quero comer. Digo que quero que ela escolha seu lugar favorito e que aceite que dessa vez sou eu quem paga. Ela concorda e subo na sua moto.


Chegamos no lugar moderno e é adorável e Claro me aceita o meu convite mas me dá um presente. Algo de Bagan que ela quer que eu leve para o Brasil.


Já não sei mais o que dizer.
Comemos maravilhosamente. Insisto para que ela pegue o que quiser mas ela apenas come, não toma sobremesa e apenas bebe café. Depois ainda para no espaço que senhor Win tinha sido contra eu ir. Diz que eu devia pelo menos ver de fora.


Vemos os jovens e crianças na rua comendo, brincando e ouvindo música debaixo de tão bela noite e vemos diversos jatos de água colorida.

Quando Lone  Lone me deixa no hotel. E eu agradeço por ela ter sido a minha primeira amiga da Birmânia  eu a abraço. E quando entro no hotel sinto que devia agradecer todos esses meninos. Eu o faço. A noite termina cedo aqui. Na minha mente vão passando todas as pessoas tão incrivelmente generosas que passaram e entraram na minha vida. 

Minha avó tinha medo que me decepcionasse vindo para cá já que eu tinha tentado tanto antes. Já que tinha tanta expectativa. Já que eu saí de um hospital vomitando. Já que qualquer médico teria dito para eu não vir.

Eu vim e cada dia me fez mais grata. Cada dia me fez mais forte. Cada dia foi devolvendo aos poucos a vida, o desejo de viver. Cada segundo foi tão valioso que qualquer palavra diz pouco.

Eu andei de sandalia, de Walking shoes, sapato do Min Min , de chinelo e descalça na lama. Fui picada , sangrei , caí , me esfolei andando mais de 25 km por dia em montanhas mas sempre levantei. 

Teve dor, ardido, mas nenhum sofrimento. Os budistas dizem que a vida é dor mas sofrer é uma opção. Minha avó, não reclama de dores porque diz ela que isso só atrapalha o outro e não resolve nada.

Acho que descobri dessa vez que é por isso que ela vive há quase 92 anos tão bem. Ela vive e por coisas pequenas não dá tanta atenção. 

Estar aqui para mim é isso. A pior coisa foi perder os óculos o resto de micro dores já nem me lembro mais. Amanhã eu parto da Birmânia para  Tailândia  amando a Ásia ainda mais que eu amava antes.

Da última noite em Kalaw

Hoje é uma noite de lua cheia e é minha última noite , dessa vez , aqui. Acabo de voltar da casa do Min Min e estou inundada de felicidade. Faz 3 noites que janto na casa deles.
Ontem levei um presentinho para as crianças, e para a Tara.


 E hoje mesmo antes de eu ir para lá a gerente do hotel me mostra uma Tamei. Eu digo que é linda e ela me surpreende cem  por cento quando me diz que é um presente para mim. Ela que mal me conhecia queria que eu levasse um Tamei desse estado Chan.

Pergunto como faço para pagar e ela insiste que é um presente e é porque ela vê que eu de fato gosto daqui.

Vou jantar na casa do Mim mim de roupas tradicionais e para minha segunda surpresa Tara me dá um lenço. Eu fico tão surpresa que nem sei o que dizer. Ele combina tão bem com a roupa que estou.

Hoje andei mais uma vez com Mim Min e Krishna. Vou apenas porque não queria ficar parada um dia inteiro. Vou porque quero estimula-lo mais. Ou seja vou pela terceira vez ao View Point onde até conheço e sou conhecida pelos donos do lugar.

Virginia vem junto. Para ela é a primeira vez. Ela que é americana mora na ilha de Ko Tao como instrutora de mergulho. Já faz mais de 2 anos que mora por esses lados do mundo. Subimos conversando e andando calmamente e sob tempo maravilhoso. Fico feliz que ela tenha percebido o valor do Min Min.

E tanto ela como eu partimos amanhã. Nós duas voamos para Tailândia. Ela parte de Yangon e eu de Mandalay. Hoje era nossa última noite.

Mim Mim cozinha maravilhosamente mais uma vez, as crianças brincam conosco e dessa vez eles até tocam violão para nós. 

Eu fico verdadeiramente emocionada ouvindo todos cantarem. Krishna e Thutu caminham conosco de volta  para o nosso caminho de hotel. Paro nessa linda Pagoda e eles me ensinam como colocar um véu num pagoda. Paro ali é mais uma vez me emociono. Trouxe ontem uma carta para Leila nessa Pagoda. 

Tudo que penso é que sou muito grata por todas essas pessoas que entraram na minha vida. Tudo que eu espero é trazer o André aqui. Tudo que eu sinto é total gratidão.

Relacionamentos em Kalaw.

Meu dia acabou comigo chegando em casa às 9 da noite. E começou as 7 da manhã então eu entrei em casa pensando que tinha que dividir em várias partes. Ou então não contar tanto. Tento um pouco 🙂

Acordo cedo de manha e não cansada. O dia está lindo. E eu penso “obá hoje andamos mais e vou tomar café da manhã . 

Chego antes das 7 e de repente quem chega é o senhor Japones. Só que dessa vez ele está com outra mulher muito jovem e aquela minha ideia que eram família se desmancha.

Calma, não sou puritana. Quantas vezes vi velhos europeus irem para Tailândia para arrumarem mulheres? Lá, em Isaan, sou até amiga das prostitutas que tem uns 8 maridos europeus que dão 100 euros por mês. E só no mês que vão. E lá eu aprendi que quem fala mal de prostituta não sabe nada da vida da mulher que nasce sem dinheiro, sem apoio de família e que a visão da sexualidade é mais livre e mais presa.

Esse senhor por exemplo é um senhor, como os senhores europeus que vão para o norte da Tailândia. São sozinhos. Não são milionários nos seus países mas o dinheiro deles vale tão mais que aqui compram breves momentos de alegria. Sem duvida há vários tipos de prostituição na Tailândia ( aliás no mundo). Ele me parece o senhor comum alegre , sozinho e numa viagem tipo amor Disney.
Sei que sento do lados deles. Digo bom dia em japonês e em Burmes e ele me mostra fotos da selva e eu mostro às minhas. Falo com todos os garçons e garçonetes. Já comi e é tempo de andar. 

Entreguei meu telefone para os funcionários verem o que vi. E eles adoraram. Viram Bagan e tudo mais. Vim comer e deixei eles livres para verem as fotos que queriam. E é claro eles são como eu que desconheço partes do Brasil, eles desconhecem aqui. Adoraram.

Quando chego no Min Min hoje digo de cara que devíamos ir no View Point que foi o lugar que fui no primeiro dia e chovia com aquele guia advogado. Min Min está com um saco de comida e me diz que hoje vou com o Thutu e com o Krishna e que ele vai cozinhar para nós hoje.

Krishna também é de uma família de Gurka e seu pai de quem me mostra a foto tem 97 anos e está bem. A mãe casou com 14 anos e teve 12 gravidez. Krishna é o filho mais jovem de 30 e de uma vida pelo jeito rica. Ele me conta que a família não pode nem imaginar que ele está trabalhando hoje pela primeira vez comigo. Fala inglês, alemão pouco de tudo.


E hoje eu aprendo dele e do Thutu dos namoros. Krishna me conta que tem uma namorada ha 7 anos e que ela nunca quer casar. Ele dá tudo que ela pede mas ela posterga o casamento. Thutu também me conta que namora há 6 anos e que a namorada também posterga casar.


Não tem jeito, se perguntei na Palestina, pergunto aqui. Como é o nAmoro. E sim esses dois meninos de 26 e 30 são virgens. O namoro é de frases, beijos e presentes. Quanto mais eu escuto mais vai ficando claro que a namorada do Krishna só quer o dinheiro dele. Nao parece ser medo de sexo, ou de ser controlada. Pelo o que ele conta ela só quer presentes materiais e ele só quer casar com ela.

Tudo que Krishna me pergunta é meio dessa paixão. Já Thutu é formado em Pali e budismo e portanto fala comigo de lendas budistas enquanto como comida no restaurante Indiano que na verdade é nepalês 

O dia está maravilhoso e o caminho que fazemos é mil vezes melhor que o do primeiro dia. E quando voltamos é dia de jantar na casa do Min Min.


Tara, mulher do Min Min está lá na casa com as crianças. 


E eu quando estou de volta a cidade convenço uma americana de passear com eles. Explico que eles são muito bons .

Sento com Thutu e Sara para tomar chá. Pergunto o que ela acha da história do Krishna e ela concorda comigo que ele está perdendo tempo. Eles colocavam Tanaka no meu rosto. Tanaka aprendo é uma madeira de uma árvore. Colocam num tipo de prato com azeite e esfregamos a madeira no azeite. Depois coloca no nosso rosto

Tara conheceu o Min Min na Tailândia quando os dois trabalhavam lá . Tem dois filhos com o uso da medicina para protecão. “Dois é mais do que o suficiente.”

Min Min cozinha para todos nós. E sentamos no chão e aprendo lavar a mão. Comer com a mão e me deliciar. Thutu faz um teatro de tudo que se faz com o Long Ji. MIn Min mostra tudo que se faz com uma Tamei. E de fato é absolutamente tudo. 

Depois eles mostram as lutas que faziam como criança. Os jogos. E é difícil de explicar mas são muito divertidos.  Falta um pouco de luz na pequena casa onde moram Tara, Min Min os filhos Djalma de 7 anos e Kamol de 2.  E Thuthu e Krishna. E que dia maravilhoso.

Meu dia acabou comigo chegando em casa às 9 da noite. E começou as 7 da manhã então eu entrei em casa pensando que tinha que dividir em várias partes. Ou então não contar tanto. Tento um pouco 🙂

O que sei é que eles sabem dos japoneses que vem aqui atrás de mulher e sabem que é pelo dinheiro. Sei que são românticos.  Aprendo que na verdade aqui não há tanta mixigenaçao de populaçoes. Acham que os Nepaleses têm que casar com Nepaleses. Nascem aqui mas se sentem ainda Gurka. 

O budismo dos nepalês é muito povoado por hindu. Krishna fala que é cristão mesmo falando de budismo. Thuthu que é de Burma mesmo é o que menos liga apenas de ter estudado Pali. Que dia simples e complicado. Que dia maravilhoso. 

 

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