Aprendi de uma criança :)

Faz dias que a Thainá me disse “Verdade que voce vai continuar sem usar o telefone, a internet?”Thainá tem 8 anos e é filha da minha amiga Camila. Esses dias a Cami me disse que ela gostava muito mais da infância do tempo que não tinha internet e telefone.

Camila é de familia misturada de Indígenas e europeus. Cami tem um restaurante e é de Ubatuba. Eu a conheço faz muitos anos. Aquele dia eu ri e concordei. Em Sao Paulo vi um menino de uns 10 bravo de não estar ganhando o Iphone X. 

Eu que nem entendo o que quer dizer, me explicou o André que é o telefone mais moderno e caro do Iphone. Naquele dia já tinha achado bem triste ver criança obcecada com telefone. 

Enfim como o André estava lendo um artigo no celular eu resolvi visitar minha amiga Cami. Cheguei lá, estava ela com dois filhos, Thainá e Noah. O outro devia estar no telefone no quarto. Noah tem 3 anos e eles queriam sair e fomos brincar na rua. De repente alguém ligou para falar do feriado de Minas e portanto devia ficar cheio. Disse para Cami que eu podia levar os filhos para minha casa aqui em Ubatuba que é na praia. 

Cami achou que o Noah ia ficar infeliz, e chorar. Fiz um trato com eles. Vamos juntos e quando quiser voltar andamos de volta. Carreguei o Noah e a Thainá foi me dando os conselhos, falando da vida dela. E eu ia fazendo perguntas. Paramos para olhar a lua grande quase cheia, foi Noah que viu. Queria parar e descer toda hora, e a Thainá me mostrava tudo e eu com medo de Noah sair correndo na estrada prestava mais atenção nele e explicava. 

Chegamos em casa e Noah foi brincar com tudo e como o André é mais calmo com apelido de Pacato, quando viu o Noah mexendo no repelente disse para ele não usar. Quando entendi falei

“Andre tira de la, é muito perigoso.”André ainda muito mais calmo que eu disse. 

“Julieta temos que explicar. Foi lá ele já tendo tocado disse que precisava limpar, lavar a mão. “Thainá me explicou que a Mae era brava. E quando eu disse para Cami ela me disse que era “muito importante ser.  So sei que ficamos aqui brincando, o Noah so queria frutas, depois ovo, e manga é sua paixão. Eu fiquei impressionada porque na versão que eu o conhecia ele estava nervoso, correndo. Aqui ele parecia eu, subindo na coisas, olhando tudo. Isso disse a Anisia que trabalha desde que eu era criança contou que eu fazia o mesmo.

De repente a Thainá quis voltar porque precisava ver o celular. Me explicou que tinha Instagram, telefone e eu fiquei chocada que ela era tao obcecada com um telefone. Disse para ela que por ela eu iria tentar não usar o tel um dia.

Eu ja fiz antes, quando fui fazer Vipassana. Isso no entanto é num retiro de meditação, não se pode falar e tudo resolvido esta lá. Agora chego à conclusão que é mais fácil lá que na nossa realidade. Acabou a água porque de alguma maneira o banco não considera a conta automática, como outro dia quebrou o microondas mas na hora que levamos hoje para ser consertado de cara o moço disse do numero e pediu o nosso. Eu expliquei que ficaríamos sem saber quanto custa, nem quando podemos pegá-lo.  

Portanto resolvi escrever. É interessante que, quando fomos levar Noah e Thaina para o restaurante dela. Eu conversei com ela, e o André ficou brincando com o Noah, e a Thaina pegou o tel dela. Ontem a Cami me contou que quando eu e o André partimos para vê-la, disse a Cami que o Noah chorou. Hoje tínhamos que ir para outra praia e acordei e fui a pé até a Camila, e achamos ela no nosso caminho, ela iria pegar um ônibus. Oferecemos para levá-la e fomos conversando, e ela foi me contando do seu lado, e eu contei da filha que detestava estar na escola pública e que preferia que antes estava na privada.

Ela me explicou que ela queria que eles tivessem a experiencia das duas. De ver como é duro para os pais pagarem para 3 filhos. Mas claro que crianças não percebem. Na privada se competiam pelo estilo do que tem de telefone, e na pública uma realidade de como é muito difícil até comprar comida. As realidades são muito diferentes.

Quando vi a Thainá com o irmão grande vindo da escola pública. Ela aceitou ir para a praia conosco. O filho mais velho, de uns 10 preferiu ficar na internet. Fomos, eu, Cami e Thainá. Estávamos de Bikini e a Thaina de celular. O Andre nos encontrou sem celular porque continuava com nosso plano. Ficamos na praia nas falas e uma criança de 8 anos, nos filminhos.  Aliás quase todas as pessoas. 

Aliás eu ja tinha aprendido disso da Camila há muito tempo, que no restaurante dela o que mais se via eram as pessoas juntas com telefones. 

Isso é triste demais. As pessoas fazem as coisas rapidamente e perdem os pequenos detalhes das pequenas coisas. 

Noah não liga para ver um telefone com 3 anos. Como será com 4?

Olhei meu telefone só para mandar ao Edinho que estamos sem tel, que se ele tá mesmo de férias vamos a mais algum lugar daqui que não conhecemos.

Vou postar agora porque já faz um dia e também para dizer se voce me manda mensagem de face faz to olhando so uma vez pelo dia, e usando para ligar como telefone. Muda mesmo. 

Se voce leu o que escrevi tenta diminuir do tanto de celular. Tente ser mais presente isso é a melhor coisa da vida.   

O que se deve dizer do Dia da Mulher?

Honestamente digo que quando me dizem “Feliz dia da mulher”, eu nunca me sinto bem. Quando vem um homem me dizer isso penso se ele acha que todos os outros dias são dos homens. Quando vem de uma mulher pondero se ela é de uma familia onde valorizava mais ser mulher do que ser homem.

Minha avó Lucia me conta que seu irmão queria dar ordens nas suas irmãs, minha avó e Tia Wanda. Minha avo tem 94 anos me conta que sua Mae, minha bisa Zizi dizia ao filho.

“Guarde essa sua energia para usar quando voce tiver filhos. Do jeito que eu te eduquei, eu educo suas irmãs. Não se preocupe”

Na minha casa, eu e meu irmão sempre fomos tratados iguais portanto eu nunca passei pelo machismo na minha vida.  Por isso desde pequena fui brava e viajava pelo mundo.

Ontem recebi pelo facebook uma mensagem de um Indiano que me conheceu pelo meu blog em Inglês. Quando eu disse que ia à Índia ele foi me buscar no aeroporto de Delhi. Eu já conhecia a Índia. Tinha ido com o Haiko. Mas dessa vez estava indo sozinha. Tinha abandonado meu doutorado na LSE em Londres que era sobre Israel e Palestina. 

Eu já tinha visitado sozinha a Palestina, a Turquia, países da América Latina, Europa, EUA. Então estava muito acostumada a viajar sozinha e encontrar em países que não sabiam viajar sozinha no mundo. 

Quando cheguei em Delhi, esse Indiano foi me buscar e me levou para sua casa. Não virou meu namorado, nem dava em cima de mim, mas ele morria de medo de eu andar em Delhi sozinha. Ele saia para trabalhar e eu ficava presa em casa, e completamente revoltada.  A noite me levava para eu conhecer seu amigos. As amigas me perguntavam se ele era meu namorado e quando eu explicava elas decidiram me salvar. Inventamos que elas queriam ver algo na minha mala e assim que chegou a menina, com um menino contaram que uma mulheres tem que ficar com mulher. Esse Indiano ficou revoltado. Mas eu parti.

Quando fiquei na casa da menina, ela pediu autorização para viajar comigo. Deixaram.

Na Palestina quando eu chegava sozinha e viajava via muitas mulheres na universidade. Não havia homens porque muitos eram presos.  Pela Palestina vi milhões de coisas mas sem duvida quando eu saia para ouvir musica normalmente era só homens que saiam. E eu ia até via jogos de futebol, viajei e fiz milhões de coisas pela Palestina. São meus amigos até hoje.

Aqui em Sao Paulo um senhor ficou meu amigo. Eu sempre sou de falar com as pessoas. Esse senhor que é meu vizinho começou me dar presentes de doces, frutas e me convidava para eu ir andar. Avisei que iria chover mas ele insistiu e eu fui. Quando começou a chover tomamos café num lugar da rua e esse senhor me fez uma fala em Árabe e me perguntou e ele me contou que era de amor.

Eu não me senti violada, perguntei de sua mulher, dos filhos e voltei para casa e contei a minha avo e André.  Rimos mas quando veio mais um presente minha avo e o Andre não sabiam o que eu devia fazer. Liguei ao meu grande amigo Duda que é advogado e ele me deu um conselho, dizer a ele que ele me lembrava do meu vovô.

Dei uma carta dizendo assim “Muito obrigada, essas frutas me fez lembrar meu vovô. Obrigada”

Passou meses sem presentes, sem ele me ligar. Quando o vi na rua eu disse bom dia e esse senhor me disse que eu o tinha ofendido.

“Como o ofendi?”

“Sua avó tem mais de 90 e eu não estou nem perto de 90.”

Fiquei impressionada e pensei no meu outro avo e disse.

“Não se ofenda. Eu adoro meu vovô. Ele ja se faleceu. Minha mãe é 2 anos mais jovem que meu pai, eu sou mais velha que o André. Mas é verdade que meu vovô sempre me dava frutas, doces. Ele era incrível.“

Aquele dia me fez lembrar do meu avô que realmente me levava na feira, me dava presentes. E esse senhor não ficou mais tao humilhado. Parou de me dar presentes, e ligações . 

Quando me mandaram esses feliz dia das mulheres e me mandarem mensagem me fez lembrar que aquela jovem, quando foi viajar comigo ela mudou. Ela virou uma controladora. Queria me dar ordens, se portava como o machista que eu tinha visto. Fiquei impressionada. Eu sabia que só tinha poucos dias comigo e eu era livre para fazer o que eu queria. Fiquei tocada de ver como as posturas não mudavam. Ela deixava de ser quem recebia ordem para virar quem da ordem. Aquilo me impressionou.

Eu não estou escrevendo isso para dizer que eu não sei do tanto de diferença de salários de mulheres, sei que tem diferenças nas escolhas para trabalharem.

Mas eu penso que somos seres humanos. E na minha vida vejo que para mim gênero, cor, escolha sexual, religião, filosofia, não faz para mim nenhuma diferença.

Conheço mulheres que adoram sair com machistas. Conheço mães e que criam filhos como machistas. Assim os que acreditam pela infância, pela televisão, ser classistas, elitistas, racistas etc. Sei de tanto quanto pouco falam e ensinam sobre sexualidade para deixar as pessoas mais livres. E então vejo o que aparece perto de mim, crianças abandonadas, pais que saem e idéias filosóficas e religiosas que não aceitam a natureza do ser humano.

Nós seres humanos temos que evoluir muito. Precisamos dar mais valor as pessoas apesar de como uma pessoa nasce. Devemos dar valor as ações que as pessoas tem.