Uma ponderaçao do Natal

Sabe, eu quero contar mais da minha primeira casa que vovó me deixou e contou ao André e pediu para ser um segredo. Foi o que aconteceu quando vovó voou, e a Sô me contou. De uma maneira vovó me deixou mais estabilizada que nunca sabia. Sempre ia de país e país, buscando um sentido da vida.

Eu coloquei esse belo quadro que vovó tinha dentro do quarto dela lá em São Paulo.

Eu dizia a vovó ainda viva que me perguntava o que eu queria da sua casa. Eu amo a arte e eu dizia eu queria muito esse quadro, mas não sabia porquê.

Agora eu coloquei na frente da minha primeira casa. E mesmo meus pais me emprestaram um maravilhoso apartamento em São Paulo, mas eu e o André preferimos muito ficar aqui em Ubatuba.

Vovó se dava tão bem com o André. Vovó não achava engraçado que eu dizia que eles eram casados 🙂 Mas é verdade que eles se davam muito bem.

Vovó e André adoravam as ferramentas. Tinha um armário de ferramentas que dizia era para o André e dizia que ele sabe usar e gostava. Eles eram do guardar muitas delas.

Bom eu gosto da arte. Quando eu trouxe esse quadro e descubro quem faz ficar certo, eu consertei e coloquei na entrada de casa.

Todas as vezes que eu entro na nossa casa, eu olho e lembro que era onde vovó dormia, fazia repouso e se tinha problema e era depois de acordar no outro dia que iria saber a solução.

Assim eu amo esse quadro, é a minha avó. Como diz meu amigo se tem um ser elevado, deve ser uma mulher.

Vovó sempre será minha Deusa. Tão elevada até nesse Natal recebi uma mensagem da Netinha, que estava comigo, o André e a Jô quando vovó voou. Netinha me contou, foi vovó que fez ela ter uma casa. Ela me contou como vovó adorava comprar presentes do Natal a todos.

Como se diz, a vida é irônica e eu que nunca celebro no dia 24 a noite e, ganhei um grande amigo que também se chama André e é meu vizinho de casa. Ele nos convidou a celebrar e pediu pra falar e eu falei de vovó no nosso natal.

Quando veio hoje um senhor limpador rastelar e eu fui perguntar se era católico e ele disse era e eu disse para tomar cuidado com as arvores que nós colocamos no dia dos mortos. Ele é um senhor e me disse que ele sempre foi jardineiro. E eu liguei para desejar feliz natal às amigas da vovó. Aliás, mandei a todos até a minha amiga Chinesa 🙂

A vida é muito irônica na hora que vovó faleceu comigo eu quase me jóquei do apartamento. Desesperada mesmo e a frase que nunca esqueço, “você quer que ela viva por você ou quer que ela viva por ela?” Eu sou tão grata a alguém que não sei o nome. Na hora pensei como seria a mamãe perder a mãe e filha. Mas no desespero nunca se pensa nos outros na vida e é assim, não se fala e decide sem pensar nos outros. Assim eu sou grata a essa senhora que nem sei o nome. Faz acordar e lembrar de todos. Não digo que sou desesperada é porque que tenho a amigos que voaram sem jamais dizer nada. E quem diz só declara, quer atenção.

Talvez a profundeza da vida é que todos devem procurar o ponto da vida. O meu é escrever, mesmo mal, mas sei ouvir dos outros.

Nesse Natal quando falei com uma amiga da vovó muito católica parei de dizer ser atéia, eu perguntei como ficou tão religiosa. Ela me contou por que foi obrigada e criança e que quando dizia ter dúvidas, a mãe dizia teria que treinar a fé.

Pela sorte ela até me fez conhecer o filho e quando expliquei que eu sou atéia, ele disse: “todo ateu é mais interessado em aprender de todas as religiões”, e me disse que eu deveria conhecer Ubatuba mesmo de morar. Ele mora aqui há muitos anos. Eu sou grata demais.

A minha fé é da humanidade e da natureza. E eu quando ouvi uma música bela e católica na Espanha e mandei aos meus amigos católicos e até ao padre Julio e padre Geraldo. Quando contei a ele sou ateia ele me disse

“Feliz chegada de um menino que é puro amor, como o é toda criança, que depois é corrompida por nossos egoísmos, só que este menino, cercado de puro amor por Maria e José, conservou sua retidão até a entrega na cruz.
ALELUIAUUUIA”

Quando contei da vovó me disse

“Deus lhe pague, Julieta

Para o colo do AMOR”

Confesso até pedi aos católicos me explicarem e fiquei feliz.

A vida é muito irônica, me fez lembrar então conto tive a sorte de conhecer Dalai Lama, ele disse: “Não vire Budista, respeite todas as religiões, respeite o que está por dentro.” Quando eu tive a sorte perguntar a SS Karmapa e perguntei “Não sei o que tenho e qual o ponto da vida”. E ele disse: “Eletricidade e tudo está na sua mente”, e quando fiquei amiga do Lama Lobsang me dizia: “Seu inimigo é seu melhor amigo, é vc”. Todas as vezes que comia fazia um mantra e quando eu perguntava o que era e ele me dizia “Grata pela chuva, grata a quem plantou, grata quem transportou a comida, grata a quem fez a comida”.

Aqui em Ubatuba quase tudo que sobra da nossa comida vai pra compostagem e o que é reciclável, pra reciclagem. Sem falar que nossa comida é quase toda orgânica.

Eu sou tão grata ao André e a minha avó e quanto mais penso a todos. Assim era minha avó. Assim todos são gratos a tudo que é parte da minha vida. Pela primeira vez me sinto mais estável e com respeito total à natureza. Feliz Natal atrasado a todos.

Com amor Ju

9 meses que vovó vou

Hoje faz 9 meses que minha avó voou. Dia 19 de novembro de 3020. Às vezes sonho com a vovó. Eu sempre dizia a Minha Vó. Eu percebo agora como eu falava de uma maneira egoísta que eu era e com os outros a Minha Avó. Mas quando vovó foi voar vai desaparecendo somos muitos netos com saudade da vovó. E como conversando com as amigas da vovó sei que também sentem como eu.

Vovó teve uma vida inacreditável, e eu filmava as histórias incríveis. Mas só com vovó voar que fica mais incrível vovó me ensinou demais de humildade

Eu filmava de viagens pelo mundo porque seu pai ficou mais rico, mas não é disso que eu me dou conta e eu aprendi na perda.

O 9 é o número que mais amo e na matemática dizem que desaparece. Pois é mesmo que dizer que 9 meses não tem nada que desapareceu da vovó

E na verdade penso das coisas que minha avó dizia. De noite ela dizia “vamos nos tornar um ébrio”. Vovó, eu e o André bebíamos :).

Vovó dizia “não franze o rosto vai ficar mais marcado. Não adianta eu falar as pessoas não param de fazer o que estraga.” Eu dava risada, mas agora sem vovó eu não franzo mais porque na hora que quero me lembro do que vovó me falava.

E é a pessoa mais calma que eu já conheci. Ela não ligava de eu ser ateia, “você é mais religiosa que eu conheço. Lê todas as filosofias e teologias que eu conheço”

Ela não ligava de eu dizer que nunca quis ser mãe, “é verdade. Você gosta de viajar, de brincar, mas da responsabilidade é impossível”. Mas vovó me deu uma casa maravilhosa na frente do mar e eu tenho pela primeira vez a responsabilidade do que amo. Sinto que vovó sabia. Mas isso ela sabia e manteve em silencio. Foi vovó que desenhou essa casa, e aprendo a responsabilidade.

Quando eu perguntei se fica triste de eu dar uma coisa que ela me deu vovó dizia “quando vc ganhou, não é mais meu.”

Lembro que vovó detestava que eu a filmasse. Sempre eu fazia, mas não era o banal. O que realmente não gostava era que eu falasse do coma. “Julieta com esse coma queridinho. Para de falar desse coma queridinho”

Quando vovó tinha um problema eu dizia: Vó, vamos perguntar para Sofia. “Julieta não liga para Sofia ela está trabalhando não dê trabalho para ela” Sô é minha prima tão apegada a vovó como eu.

Quando vovó falava pouco no telefone eu dizia: “vovó, porque vc fala tão pouco?” e vovó dizia: “Meu papai falava que telefone não era para fazer visita, é pra recado. Se quiser uma visita pega um carro e vai”

Quantas vezes fui me deitar na cama da vovó no seu de dormir ou no repouso. Vovó nunca reclamava. Ela gostava e eu adorava. Disso eu tenho tanta saudade.

Vovó dizia que seu pai queria reencarnar rápido de qualquer tipo de vida. Vovó era católica, mas não exagerada então contava e dava risadas das palavras do seu pai. Minha avó também gostava demais da vida e pensava que iria morrer todos os últimos anos.

Meu ano novo vou pensar como chines, ano novo é com a lua e de lá tem tanto e budismo e se há espíritos no taoismo. Ano novo para mim vou estar com a Lua. De todas as filosofias que li gosto tanto do Taoismo como do Budismo. Quem sabe eu encontro a vovó de novo, apesar de eu nem sei de que maneira tem que se elevar. Mas hoje faz 9 meses que minha avó voou. Mas como me disse a amiga da vovó “Tenho muita dor, mas eu adoro viver.”

Viver é sempre lidar com as nossas dores de ser vivos e presente. Desde que nascemos passo por tantas quedas, mudanças. Amo de encontro vovó de novo. No céu ou de qualquer maneira.

Com amor,
Ju

Aprender dos Ciganos. Respeito da Terra

Hoje tive um dia de muitos ensinamentos. Acordei às 5 da manhã e quando fui ver o Sol eu vi como a praia estava cheia de lixo e algas. Vi um senhor tirando o lixo. Havia copos de cerveja, máscaras de covid, coisas de crianças e tantos de lixos que nem sei os nomes.

Resolvi ajudar o senhor que ajudava. Eu que sempre sou das que falo tanto e descobri que era das pessoas que são de aqui. Ele era Gilmar e é caiçara. Eu perguntava de tudo e o vi às 5 da manhã. Perguntei das coisas locais verdadeiramente. Aliás a família era de Indígenas, mas ele era caiçara

Aprendi onde deveria ir para ver as coisas que tem as coisas daqui. Ele partiu de bicicleta às 7 da manhã. Fomos juntando o lixo e eu disse que podia partir. Nem sei que hora tinha chegado mas o conhecia às 5 da manhã.

Às 7, oRafael que é irmão do André veio ajudar. Fomos tirando ainda mais. Fomos juntando tudo. As coisas foram ficando altas e mais juntas e mais longe do mar. Ele iria até lavar para poder ser mais reciclado. Uma senhora vinha para pegar para levar e vender. Fizemos 3 sacos grandes de lixo.

Do nada apareceu um outro homem que parecia ser cigano e ele iria abrindo as nossas montanhas de lixo na frente de casa. Eu fui humildemente dizer que tinha conhecido o Gilmar. E que estávamos limpando o lixo. Ele o conhecia e me disse que ele sempre vinha limpar.

Eu perguntei porque ele estava fazendo todos soltos e eu tinha deixado todos juntos. Ele me deu muito valor porque contei que queria limpar. Ele ponderou e me disse: “ Sabe, melhor é você deixar eles ficarem mais soltos e alem de vir mais lixo, fica mais fácil do mar pegar de volta.“ Fiquei tocada e vi exatamente isso.

De repente quando estava fazendo isso veio uma senhora e ela me perguntou porque eu fazia isso. Eu contei tudo isso. Ela ficou muito feliz. Ela me contou que ela trabalhava na defesa do bem do meio do ambiente. Ela se chamava Adriana.

Nem sei quantas pessoas ficaram, se inspiraram e foram jogando no meu ultimo saco de lixo.

Das 5 da manha até as 9 eu fiquei nessa. Ficamos na limpeza da praia. Eu admiro as coisas que aprendo dos caiçaras.

Agora ja posso pegar nos lugares onde ficam as coisas realmente locais. Me da uma felicidade total. Em vez de ver e tirar fotos do triste de ver quem faz o errado, fiz ser e acontecer dos que respeitam a terra, ou melhor a natureza. Nem sei dizer que valor este é. Não adianta o que polui, nem de ser critico. É de ser do grupo que humildemente tenta ser dos que ajudam a deixar todos se inspirarem. Foi assim que aprendi hoje.

Com amor, Ju