A dor as vezes nos faz estar mais presente.

Gente, um desses dias eu andando de bicicleta com o André e o Pitagoras numa rota de subir um morro, e eu rapidamente, quando desci olhando os lugares pensei que tinha que descer porque tinha uma mudança de rota.

O Pitagoras é do Mexico e veio de bicicleta da Bahia a Ubatuba. Ele é fotografo e muito gente boa. Ja aprendeu português e está descendo até o Uruguai.

Bom nesse dia na hora que desci, virei a coluna e começou uma dor fortíssima. E eu não sabia o que fazer, falei para descermos na pequena praia do lado, Lamberto.

Na hora o André levou as duas bikes e quando cheguei lá morrendo de dor, sem acteditar. Sem saber o que fazer pedi uma caipirinha com limão e rum. Quase um mojito. Aquilo me ajudou muito entrei no mar, subi a pedra e voltei pedalando para casa. Até hoje o Andre não entende quanta dor eu senti, porque subi a pedra para fazer uma foto. 🙂

Mas acordei no outro dia com dor de levantar, liguei para minha mãe porque a dor voltou, minha mae, que sempre foi corredora me disse que devia ser nervo cíatico inflamado. Meu pai disse para colocar gelo, banho quente e minha mae disse que deveria fazer exercício de alongamento.

Foi duro demais. Fiquei vendo muitos videos que ensinavam. E até mandavam tomar remedio de dor. Como estou retirando remédios, a ultima coisa que queria era tomar mais remédio. Faz quatro dias e nada da dor diminuir. Mas ontem fui no encontro de familia do André em Cunha. La era o hotel da fazenda. Mil vezes mais bonita do que as fazendas que conheço. Vou deixar fotos no blog.

Tão lindo o lugar e eu andei muito e um corredor lá me disse que hoje a dor iria ser mais forte.

Não acreditei mas o duro é levantar da cama. E hoje pensei em pedir pra Naoko vir fazer acupuntura.

Meu pai falou que eu iria ficar alcoólatra de beber rum para passar a dor. Então pensei em ler tudo. E torcendo para não ficar parada porque isso mantem a dor.

Às vezes na dor eu lembro que o Lama Lobsang dizia “Que bom que tem essa dor, quer dizer que te fez estar presente neste lugar“

Lama Lobsang sempre me dizia, muda de atenção ao outro lugar da dor. Assim é se sentir o corpo. Estar feliz de estar vivo independente da dor. Sempre me faz lembrar da impermanência.

Com amor,

Ju

A beleza de conversar, e começar pedalar.

Vocês sabem que eu adoro hospedar no couch e warm shower. Sei que o último foi um turco que estudou na escola Lycee na Turquia.

Eu fui uma vez à Turquia visitar uma amiga de lá que conheci na Holanda. Estávamos estudando política internacional e eu sei que agora minha amiga mora em Londres. Aqui Kut me deu explicações.

Foi muito legal hospedar o Kut. Ele é de uma pontualidade incrível, não que eu ligue, mas me impressiona. E ele sendo do Lycee claro, nossas conversas são com pensamentos críticos.

Quando ele quis nos dar um jantar de presente eu disse não era necessário. Ele explicou que precisava fazer algo para nós.

Andamos muito. E sei que do nada ele olhou a algo que nós nunca nem olhamos. Ele disse

“ Nossa é Jacques Cousteau?”

Nem eu, nem André sabíamos. E quando fomos olhar era sim.

Kut contou que trabalha em petróleo e tava meio morando num barco, e que é muito duro ele ter nascido na Turquia e ver toda tradição sendo perdida. O poder do Islam estar fazendo um aumento da população. Ele considera que o aumento de religião rouba das pessoas o pensar criticamente. Ele vê como a política funciona lá e aqui tbm. Diminui a educação crítica e aumenta a população por filosofia de igrejas. Assim ele pensa, cria e mantem os governos.

Ele fez intercâmbio antes e fala português super bem. Sei que inventei de andar e de pedalar. Foi ótimo.

Kut está com uma vida de negociação, trabalha como engenheiro de estilo petróleo. Ele é muito legal mas eu nunca entendo como deve ser a vida no petróleo. Ainda mais nessa correria.

Sei que depois de ele ir embora eu quis pedalar mais. Aliás, tenho andado, nadando e pedalado. E pensando mais na alimentação do que medicina que vou me libertando muito de remédio porque realmente é drug.

Sei que esses dias tomo meus sucos na integrale, falei para o Andre, vamos pedalar, das toninhas à praia grande, depois itaguá, depois chegamos nos centro, e o André disse:

“Onde vc quer ir?“

“Mais para frente”

Chegamos no perequê, mas era muito rua etc. Quis ir mais para frente e chegamos na praia vermelha. Depois voltamos tranquilos até fazer um caminho na frente da loja de vinho. Lembrei do vinho do ciclista 🙂

Ontem tomei suco de limão com gengibre, suco de laranja, depois de maçã. E claro como Kiwi, banana, morango, uva, laranja e mais frutas e alimento vegetariano e as vezes em jejum.

Tudo que eu vou fazendo eu vou me sentido de volta. Pena que tantas pessoas não comem bem e nem fazem exercícios, nem meditam. De qualquer forma cada um faz uma escolha.

Mas sabe, antes ficava revoltada de ouvir de médico dizer de aceitar as capacidades limitadas muito de nada de info de como remédio é uma drug. Ontem até conversei com uma senhora que disse que tem uma feira orgânica aqui. Eu aqui há mais de três meses, não sabia. Aliás ninguém de aqui sabia. Mas essa senhora pensa como eu alimentação orgânica é maravilhoso. Ela contou que, como eu, nem vai em médico. Fazia 6 anos que abandonou e está melhor. Quando insistiram ela fez um exame e claro, disse que o dela deu muito melhor do que de todos.

Assim como fico emocionada de ver uma ciclista viajando o mundo depois de um diagnóstico de uma doença neurodegenerativa. Claro na medicina não acharam boa ideia, mas eu a sigo circulando o mundo de bike. Sendo voluntária, passando o tempo devagar. E prestando atenção as coisas. Me encanta ler tudo que ela posta em detalhes.

Mas como disse a Anísia que é caseira da casa de Ubatuba e me conhece desde pequena, quando mostrei meu vídeo de bike ontem até quase 29 km. E quase todos dias pedalava sozinha quando Andre estava em Sao Paulo.

A Anísia disse “Nossa está pedalando como nunca conseguiu antes.”

Fico super feliz porque nada como voltar as loucuras do passado, me sinto feliz. Ou talvez o mais incrível seja que, de repente vc sente o que é necessário por dentro.

Ontem até pedalamos na chuva mas não ficamos com frio. Como disse o ciclista que ficou aqui “Se fosse o sol na cara seria pior” e agora senti isso. A chuva de repente faz vc lembra o valor da água.

Com amor,

Ju