

Quantas vezes tinha que dizer que nunca vou lembrar dos nomes de bairros, de casas, de nomes das pessoas. Eu preocupada de decepcionada minha amiga, de não ser capaz de fazer as mesnas coisas do passado. Ela preocupada de eu não estar feliz, ou se eu não estava bem.
No primeiro segundo ela já começou a entender. Ela acordava cedo para fazer ginastica e eu dormia. Andávamos e eu não lembrava os nomes dos lugares. Lembrei dos seus pais que não via havia mais de 15 anos. Comemos em restaurantes, na casa deles e eu um dia andei muito e disse que precisava sentar, não era capaz. Alondra com a paciência total parou de pensar que eu não dava valor, sabia que eu fazia o que era possível.

Um dia ela foi trabalhar e eu descansei e consegui achar o lugar vegetariano que tinha comido. Fui sozinha e consegui achar e voltar. Esse micro fato me toca. Quem já perdeu capacidades se sente feliz por pequenos atos.
No outro dia quando vamos achar um café, que minha amiga queria me mostrar, andamos e eu ficava exausta. Tinha que dizer que precisava parar para descansar no caminho. Quando chegávamos lá num lugar do cafe e da literatura fechava em 15 minutos. Minha amiga triste e eu feliz de tomar o café naquele lugar. Rimos e tiramos foto e tomamos um Uber e voltamos para casa.
Achei que ela era vizinha, de perto mas era é de outro bairro e pegou um transito enorme, e eu que nunca imaginei que iria pegar transito de ônibus para me ajudar a ir onde consertar o telefone. Eu a tinha conhececido havia dois dias.

Nós fomos e vi que demoraria tanto para consertar então fomos comer e eu a levei ao Vegetariano e ela aceitou mas quando fui pagar ela não aceitou o convite de gratidão. Me toca demais. A tarde passou e Alondra nos encontrou num outro bairro pro café. Me tocou esse dia. Ela não me ajudou por dinheiro, nem por estar perto, simplesmente de ter conversado muito com ela. Isso no mundo sempre me toca.
De repente o pai da Alondra nos convidou para ir num lugar de uma montanha. A cidade se chama Tepoztlan. Alondra e eu tomamos um ônibus e quando chegamos lá o pai dela nos levou num lugar para comer, beber vinho e nos contou de que subir a montanha Tepozteco era muito incrível por sua energia.
Eu que amava no passado subir montanhas pensei que era impossível eu conseguir mas lembrei das minhas ultimas palavras do meus post. Naoko que leu e disse “Julieta. Parabéns. Esperança é a ultima que morre ”
Naoko que tem 83 anos e sempre me surpreende Ela também me fez lembrar do Taoismo. Eu que amava o Taoismo. Naoko de família do Japão e o Tao da China e eu me lembrei de pensar possível e que eu iria conseguir.
Fui lá hoje. Devagar e com a minha grande amida que já sabe das minhas incapacidades resolvi ir e sempre sentava. Alondra sempre dizia quando quiser desistir me conta. Quando quiser para, .paramos. Se desistir não há problema.
Eu que durmo tanto acordei cedo e fui. Aos poucos eu ia lembrando como ouvia dos Tibetanos e Nepaleses que a montanha é sagrada. Eu que me declarava sempre agnóstica, fui num mantra de Tara. Isso sempre foi na minha cabeça. Fui indo e sentando e Alondra sempre sem nenhuma pressa. Víamos os que corriam, víamos os que iam devagar. No principio e pelo caminho as pessoas passavam por nós.

Eu ficava tocada andando. Lembrando que subir achava mais fácil. Às vezes ficava exausta e sentava. Quando chegamos ao lugar que precisa pagar para ir ao topo, tinha um senhor. Resolvi falar com o senhor.

Perguntei a ele o dele o que representava. O senhor me disse que depende do meu pensamento. Perguntei a ele o que significava a ele e ele me contou o mesmo que eu tinha aprendido na Ásia, que a montanha é sagrada. Esse senhor se tocou e me disse que eu já sinto que devo pedir permissão à natureza e dar o valor interno. Me senti quase budista e sentia que ele me falou porque viu que para mim era incrível e ele quis me contar de sua tradição. Subi e nem segui o guia, e subi e senti e olhei para a natureza.

Me passou muitas pessoas pela minha cabeça . Vieram tantos sentimentos. Tantass pessoas na minha mente. Uma compaixão enorme de até me lembrar que temos que aceitar os nossos limites e dos outros. Fiquei um tempo e quando desci, quis falar com o senhor.
Contei alguns sentimentos e ele me pediu um segundo e tocou na minha e eu fiquei em silencio. Fiquei tocada senti uma energia. Senti coisas que me tocaram demais. Senti como se ele tinha visto que eu buscava a base da sua tradição.
O ser humano me toca. Nossos erros são enormes. Nessa montanha olhei para a natureza . A cidade, os voos de um bixo. Ouvia tanto da natureza. Vi os que subiam como um esporte, via os que subiam com cachorros, via os que aquilo não significava nada. Para mim foi incrível.

Um incrivel não era apenas conseguir subir. O incrível é aceitar as nossas falhas e nunca perder nossas esperanças de nós mesmos. O incrível é ver que minha amiga fez o melhor para mim e quando estamos presentes nos conhecemos melhor.
Quanta gratidão tenho a Alondra. Essa presença profunda me toca demais. O melhor de tudo isso é a nossa paciência, nos ser estar presente.
Como é maravilhoso estarmos presentes. E essa impermanência da vida vai sempre me lembrar do Lama Lobsang que já morreu e era Monge do Tibete. Ele morava na Inglaterra quando eu, e Alondra morávamos juntas. Lama Lobsang ia a nossa casa e eu a dele. Se aprendi tanto do Budismos era pelo Lama Lobsang que se tornou um grande amigo. Aprendi tanto dele como tendo visto Dalai Lama, Karmapa e outros monges nenhum deles pedia para nos mudar o nosso caminho. Nos faz entender o que é a impermanência, paciência e a compaixão. Todos esses dias passou por tudo isso .

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Julieta de Toledo Piza Falavina