Um chá e lavar as mãos.

O meu silêncio não foi exatamente porque estava mal, ou ótima. Era mais porque você entra num hospital e lá vê de tudo. E não importa o quanto você se esforce para não estar fazendo os erros de sempre. Volta e meia vem o hábito . Então eu escrevi uns 30 posts e nem publiquei.

Fiz questão de não tomar imuno supressor e claro que isso não vem sem dúvida  e claro dúvida  vem com a liberdade de escolha e de saber que a outra talvez fosse a melhor. Enfim, sei que hoje eu estou na minha casa. Ontem vim e ainda fiz um monte de coisas e fiquei exausta mesmo.

Então apelei a Monja Coen que tive a sorte de ver ao vivo uma vez, mas são  os seus videos que vez ou outra eu apelo e lembro. Condição humana é essa.  Buscar um caminho mais sagrado nao elimina de você a raiva de ver a injustiça e se você analisa e entra numa discussão,  já perdeu. Tudo bem,então  pedimos perdão. E fazemos uma outra escolha.

Hoje eu comecei a fazer uma organização da minha total des-organização. Eu sou muito des-organizada. O André também  é então vai ficando cento e ciquenta papeis na mesa. E hoje eu aqui sozinha apelo ao lixo. E ao dar coisas que tem demais. E nao é que de repente vejo esse papel 🙂


Todo onibus que voce entra em Myanmar, Burma ou Bámar 🙂 que é fechado te dão água  e te dão um saquinho para limpar as mãos.

Olho o saco e rio. Lembro do senhor Win me dizendo para lavar a mão antes de comer com ela. Lembro da famosa frase do Gandhi de que comia com as maos e dizia que suas maos ele sabia que tinha lavado, já os talheres??? 🙂

Lembro, de que em todo lugar que entrei na Birmânia eles te dão chá.  Uma infusão que eu tenho fotos e na verdade que nem sei o que é.  


E lembro que eu adoro infusoes e que no deserto do Sahara te dizem que nao devemos esfriar o corpo para perder mais energia num lugar de comida escassa.

E claro, quando vem tudo isso a minha mente, vem o Marrocos.


Vem a minha  mente minha amiga Leila Alaoui.


Vejo na página do seu irmao que ele está triste.  Foi o Soulaimane que foi buscá-la em Burkina Faso.


Sei que foi aniversário da Leila esses dias.Escrevo uma mensagem para ele contando que tinha escrito  duas cartas e deixado em dois templos  na Birmânia.

Contei que na segunda tinha explicado a Leila que Dra. Euthymia havia me explicado que havia 4 fases de luto. 1. Negacao. 2 Braveza. 3 Era falta de sentido na vida sem aquela pessoa ali. Essa fase podia durar 6 meses e se nos percebermos nesta fase precisamos de ajuda. E eventualmente chegaria a quarta fase. Aceitacao. Saudade. Pensamentos positivos. Alegria e a vida presente.


Escrevo nessa minha carta a Leila que sinto que ela está bem mas que eu estaria sempre aqui aberta a sua família para protegê-lo -los como ela me protegeu quando quase morri.

E não é que sua mãe  me conta que estava muito difícil esses dias porque Leila nasceu no 10 e sua mae no 11 e naquele dia ela nao ouviria nunca mais  “Maman Joyeux Aniversaire.”

Isso me trouxe ao hospital na mente, pensando na minha revolta das pessoas que reclamavam de quase nada. E de eu até dizer ao um menino que reclamava de ser um final de semana e ser emergência  e ele ter que esperar tanto.

E eu nao aguentei levantei e disse “De fato, minha avo Lucia está aqui me acompanhando com seus 91 anos porque ela adora vir ao hospital.”


Ele ficou sem graça e nao me disse nada. E eu também me senti mal porque isso nao acorda nada de bom em lugar nenhum. E é só o princípio  de você cair nos seus velhos costumes que te deixam desnorteado. E em segundos eu desligo mas é difícil.

Busco a monja coen e me dá tanto alivio ouvir ela explicar coisas básicas que eu sei mas esqueço. E faço minha mala. Semana que vem é hora de ir para o Peru. No meu lixo eu coloco um monte de coisas materiais, e pensamentos. Faço uma coletania de coisas que tenho demais e pergunto se a Netinha e minha avó querem.

Lavo minhas mãos. Aceito os meus erros. Tento melhor.  E faço um chá e faço como me explicou Lama Lobsgang.
Peço libertações    de sofrimentos a todos os seres sensientes, todos envolvidos no processo de tudo isso que passa por nós, aceito a impermanência. Aceito a falha.

Aceito que a minha a escolha foi uma escolha e de nada adianta pensar em outra. Na hora que quiser outra eu a faço.


Nesse meu chá está a minha eterna memória que eu aceito a temperatura que ele está. A eterna gratidao que tenho pela Leila e pelo Getulio. E o meu profundo desejo de que todos nós vivamos melhor.

 

1 thought on “Um chá e lavar as mãos.

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