Primeiro preciso agradecer as pessoas que me leem e que me escrevem. E desculpe se não respondo para todo mundo.
Primeiro eu to com meu horário muito dividido. Um horário Peruano, um asiático, e um brasileiro. Segundo porque eu cheguei com cento e cinquenta missões para fazer.
E finalmente pegar aqueles mil resultados de ressonância e eletro que eu entendo por cima, e fico com ummilhão de dúvidas internas que sao na verdade medinhos calados.
Então, quando finalmente eu leio o resultado e a Dra. Karen diz que está ótimo eu fico muito feliz. Minha avó chora de emoção o que é raro, eu chorar é igual a rir…. os dois vem juntos sempre e demais.
Só sei que Dra. Karen me diz para eu tomar cortisona e imunosupressor. E eu digo que a cortisona eu imaginava. O imuno-supressor nao mudei de opiniao. E Dra. Karen me diz que Dr. Getulio teria me dado. E eu penso. Que graças a deus ele nunca deu. E foi assim que entre quedas e levantando, cortisonas, e nada que eu fui me construindo.
Não sou médica, não repudío a medicina ocidental, nem a oriental. Eu simplesmente penso que todos temos uma certa liberdade de aceitar o não saber. Aceitar o que vem. E aceitar o arrependimento do vai que eu fico paralisada sem tomar imuno. Pode ser que eu morresse tomando.
Entao. por hora eu nao tomo. Isso não significa que aquele medinho calado nao se manifeste em mim.
Significa, que eu ando pensando, quero andar para trás. Me atrapalho com as pessoas a volta que falam aqui no Brasil o tempo todo de Luta.
Como disse ontem para Dra. Euthymia eu volto me sentindo muito de fora e não conseguindo adotar e nem querendo adotar um discurso de Luta. Ou seja, eu volto mais eu mesma.
Dra. Euthymia me contou que as pessoas o usavam como vencer. E não tem jeito, eu vejo vencer como derrotar algo. Derrotar no meu micro mundo nao parece ser positivo. Nem a minha doença auto-imune quero vencer, quero entendê-la. Quero saber como é que ela é parte de mim e convida-la para ficar da maneira que nós duas vivamos bem.
Penso que segundos de interação com ocidentais no Oriente me despertaram coisas ruins. Medos, braveza, luta. Na Ásia , talvez por eu ser de fora, eu tente mais me ver no todo.
Eu tento me encontrar ali naquilo que eu acho horrível. E sei que não posso ter liberações químicas no meu corpo dessa enormidade. São vícios que vão lutando pela força e apagando a compaixão.
Então eu chego num Brasil onde tem pessoas que reclamam da mala demorar, da fila de taxis ter gente. Pessoas que na rua falam das suas identidades independentes. Feministas, duras como os mais duros machistas. No hospital particular mais pessoas reclamando de tudo, de nada.
Isso acorda em mim o meu pior e quero ir lá e lutar para dizer que já são privilegiados.
Graças a deus, vem na minha mente, que isso se passou no aeroporto então, eu desligo o botão ouvir, lutar e quando é minha vez eu acho as coisas belas que ali estão para comentar.
Assim ganho um taxista que para de reclamar para me contar de quando ele ficou paralisado. Da força da vida nas coisas bobas. Assim a gerente do banco que minha avó vai me liga e quando vou ver lá o que é em vez de ligar ela me pergunta da Birmânia. Eu nem tenho conta no Itau. E se fosse só pela Sueli eu ficava lá porque ela é uma mulher exepcional.
Assim qunado eu vou ver a Dra. Euthymia ficamos pensando como vamos fazer quando eu estiver no Peru na semana que vem.
Eu sei que quero estar como eu estava na Ásia . Quero estar como quando eu estava na Birmânia. Todo dia era um presente. Eu ando. Eu aprendo. Eu escuto. Eu falo mas eu nao disputo. Eu nao luto.
Sei que para muitos parece fraqueza, apatia, indiferença. Para mim, esse é o único caminho que acho que me faz bem. Posso estar errada. Por enquanto me sinto privilegiada de poder andar, de conhecer as pessoas, ajudar e ser ajudada, de trocar o meu melhor. Isso eu quero ter aprendido mais fortemente.
Como dizem os tibetanos dor é inevitável, sofrer é uma opçao. Tenho dorzinha da dúvida, mas eu tento escolher nao sofrer. E claro ter consciência do medo.
De qualquer maneira amanhã eu tenho que ser internada mais uma vez. E isso nao é nada demais. Tenho que tomar cortisona o demais são as nossas emoções que nem sempre nos ajudam.
Sento e penso que sempre e por anos sinto falta do sol se pondo no Mekong.
Sento e passam na minha cabeça os conselhos dos sábios do caminho.
Penso no Dalai Lama dizendo que devemos pegar do budismo o que fizer sentido e dar valor ao que temos, pois de onde somos sempre tem valor, e mudar dá tanto trabalho. Ele disse “Sou apenas um ser humano, Tibetano porque nasci no Tibete.
Lembro da Denise que conheci diante do Dalai Lama e que me levou ao Karmapa. E eu que nem dava valor, e nem acreditava em nada quando fiquei sabendo que ele era um Tulku como o Dalai Lama.
Em poucas palavras,um Tulku é alguém que na hora de iluminaçao faz um voto de voltar para ajudar todos os seres sensientes. Essa tradição é parte do Budismo Tibetano.
Na época achei absurdo mas fui. Sem nem imaginar quão grande presente aquele era. Era seu encontro privado. E eu munida de pre-conceito, e educacao fiz o ritual corretamente. Só nao estava preparada para desabar de emoçao.
Anos depois contei para Denise que tinha tomado Ayahuasca no meio do Brasil e que tinha uma foto do Karmapa nesse lugar. E que eu tomei 7 vezes e nao senti nada. E ela me disse “voce se lembra o que SS Karmapa te disse?”
“Sempre estarei com voce. “E eu de fato o senti em mim. Eu de fato quando escrevo ou conto eu o sinto.
Eu a ateia fundamentalista que fui atrás de todas as religiões do mundo hoje sinto isso. Uma presença tão divina onde a permitimos. Nao afastada da nossa humanidade. Nem carregada de regras e pre-conceitos.
Vem na minha mente um menino Palestino que me perguntava o que eu achava dos muçulmanos. E eu dizia que tinha muitos para eu saber, dos que eu conhecia, eram muitos boas pessoas. E ele perguntava do Islã e eu ponderava no meu ateísmo total, e sindrome de dizer a verdade disse
“Nao sei se Deus existe. Se existir ele ou ela. Nunca se importaria por pequenas coisas mundanas tipo do que voce come, ou veste etc. E se preocupasse eu nao o/a respeitaria.”
Terminei a frase em estado de choque. E Fayez ficou quieto. Eu me arrependia por saber quão ofensiva era aquela frase. No entanto, esse menino me disse.
“Voce já sentiu frio? Calor? Dor? Alegria, Fome, etc etc etc”
“Sim Fayez. Por que?”
“Quando vc sente, voce esta com alguém ou sozinha?
“Sei lá. As vezes com alguém, as vezes sozinha.”
“Julieta, voce é muito boa pessoa. Eu vou rezar para um dia você nunca sentir nada sozinha. Por que talvez o que siga nao seja o certo, mas eu o faço pela gratidao de nunca estar sozinho. Deus sempre está do meu lado.”
Eu já escrevi sobre isso. E o Fayez é meu amigo até hoje. Ele é mais jovem. Tem conflitos no seu país. Ele tem problemas na sua vida mas é grato pela vida.
Eu sou grata pela minha. Por todas as pessoas que considero que realmente são parte da minha vida. Por todas as vertentes da busca do divino que parece pode ser manifestada carregada de pre-conceitos ou de total compaixao e beleza.
As opções podem não estar nas nossas mãos mas como aceitamos o que vem muda tudo, de como sentimos, vivemos e como encontramos os outros, que é nós mesmos.
Eu espero que eu fique no Tao ( que é caminho) em qualquer lugar que eu esteja. Consciente que tudo é impermanente. Que nao construamos mais sofrimentos a toa.
Ju, vai dar tudo certo com a medicação/internação e logo mais você estará no Peru feliz da vida . bjs
🙂 oxe. Muito obrigada Myca!!!! E vc é sempre benvinda!!!!