Min Min e o mistério da Caverna

Acordo e ligo para o cocoru ( que é o apelido que inventei para o André) e lá faz sol em Lima, falamos enquanto o sol se põe lá e aparece aqui. Incrível mesmo. Tanto lá como aqui tivemos um dia de sol.

As 8 da manha vou encontrar o meu novo guia. Ontem tinha tido a impressão que ele não sabia muito inglês mas não liguei muito. Que emoção enorme de ver o sol no céu. 

Chego lá e vejo Tahtu e para minha total surpresa seremos 3. Não, não havia mais um viajante, havia mais um Guia Min Min. 
De cara dizem que levam a minha mala. E eu digo que não é necessário ta leve. E então começamos a nossa caminhada.

Min Min falava super bem inglês e vai me explicando de todas as plantas que vemos. Tecnicamente era para irmos ver uma caverna budista mas de repente estamos no meio de muitas plantações. 

Eu fico encantada e nem pergunto nada de destino. Pergunto do que vejo. Vemos arroz, cenoura, barata, couve flor, tomate, manga, e mais um milhão de coisas.Min Min me conta que a população que vemos é Danu. Falo com as mulheres, tiro fotos e glaro pergunto ao Min Min oque ele acha do governo. 

“É muito no começo para falar. O que já dá para perceber é que cria novos impostos e taxas, cria uma divisão enorme de ricos e pobres e que é bom os para banqueiros”

Fico impressionada pelo comum que isso é no mundo. Pergunto a Min Min como é que ele fala tão bem inglês e ele me diz que trabalhou 18 anos com turistas.

Conto que amo a Ásia e ele me diz para eu descobrir de onde vinha a família do seu avô.India? China, Bangladesh? Tailândia, Laos, Camboja, Paquistão, Butao, Malásia, Indonesia, Singapura , Japão. E tudo é não 

Não sei mais o que falar e de repente sou inundada de emoção. No nosso casamento no ano passado eu e André escolhemos como presente doações para o Nepal. 

Nepal?

E sim ele é neto de nepalês e isso não é o mais surpreendente, pergunto como é como é que ele veio parar aqui.

” Meu avô era Gurka”

Para quem não sabe, a Inglaterra contrata nepaleses fortíssimos para serem parte do exército inglês. Pois bem, durante o império inglês por esses lados seu avô virou soldado e foi transferido para cá.

Com o final da colonização Britânica os Gurkas tinham a opção de voltar ao Nepal, ficar, ou continuar Gurka para os britânicos. Seu avô ficou e se juntou ao exército da Birmânia. Isto feito antes de 88.

Min Min tem 29 anos. Tem dois filhos e depois de 18 anos como guia começou em março a sua empresa de turismo. Ou seja, ele está ali treinando Tahtu. Ele não falava inglês mas faço tudo para e tende-lo. Faz 3 meses que ele começou a ser guia. Quero que ele se anime e eles são muito legais.

Portanto deles ainda aprendi mais. São 7 Estados. Cachin, Cayá, Cayin, Muun, Tchin, Rakai e Chan.
Burma ele me explicou é o nome que os ingleses colocaram. Na língua deles era mais Bámar.
Subimos montanhas e descemos e subimos e de repente vejo uma Pagoda imagino que seja ali.

.Miemathi é o vilarejo. E eu vou olhando e achamos o restaurante. Comemos , tomamos chás e então como estamos para entrar eu tiro sapato. Eu ainda não sabia oque se passaria. 

De repente estamos descendo e estamos entrando numa caverna. Bagan me emocionou mas essas caverna muito mais. Conforme você vai entrando são budas e mais budas. Dentro de caverna estalagmites, e você vai dando voltas e de repente vejo duas pessoas sentarem. Sento e fecho meu olho. Antes de pensar um mantra ouço um cantito de um mantra da voz de uma mulher. Fico em silêncio e lágrimas saem dos meus olhos. Fico ali apenas ouvindo. Em pura paz. Quando ela termina ouço a voz de um homem. Sinto me tão em paz.

Min me ensina que na tradição Mahayana devo tocar o “sino” sete vezes. Ali fica claro para mim que no momento que ele tinha dito que era Mahayana e não Theravada que não era exatamente daqui. Fico tão grata. Eu respeito todas as religiões. Mas dentro da tradição Budista os Tibetanos estão dentro da tradição Mahayana.

Andamos das 8 às 6. Andamos mais de 21 km. E como foi prazeroso. Tanto eu aprendi. Min Min ainda me convidou para jantar com sua mulher e seus filhos na casa deles e eu aceitei.

Uma chuva apareceu um pouquinho e eu tirei meu sapato e fiquei imunda. Depois de andar 10 horas achei melhor vir aqui e escrever, dormir e que esse maravilhoso convite ficasse marcado para a volta. Amanhã, dia 14, vou para Inle Lake mas já gosto tanto desses meus dois novos guias que vou e volto antes de voltar a Mandalay afinal em Kalaw já me sinto em casa.
O difícil de viajar assim é que se faz amigos. Tenho que voltar aqui para vê-los, para Mandalay para ver senhor Win e Lone Lone.  E dentro de você saudade não de momentos mas de pessoas. Então no 21 volto para Nong Kai fronteira Laos con Tailândia para ver meus amigos. 

Ps: 

1 . A lingua é diferente. Eu escrevo com acentos e letras de português.
2. Eu consegui escrever todos os dias. Para ver os outros é só entrar no início 🙂

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