De Volta na Estrada.


Não aceitamos o goveno do Temer. Tão pouco tenho tanta coragem de ir para as ruas para lutar. Existem mil razoes para isso. A primeira é porque nao tenho filho, nao tenho casa, nao sou nacionalista e na verdade me sinto uma turista no Brasil, não tem porque lutar para ficar aqui.

A segunda é porque eu visitei muitos países onde teve luta, morte, prisão e não sei o quanto se ganhou disso. Talvez o Camboja tenha sido o lugar que mais me tocou.

A terceira é o meu forte sentimento que eu sou um ser humano. Nao muito diferente deninguém  que conheci pelo mundo a fora. E pela vida que vivi as pessoas que mais sinto falta são daqui e de outros países e não estão onde nasceram. Nunca esteve na minha mente “minha casa, meus pais, meus filhos, deus.”

Portanto a minha maior luta ela é interna contra minha doença auto-imune e contra as minhas sinapses. Então a minha força se alia ao meu desejo de conhecer outras culturas.  Se alia de ter encontrado pelo acaso da vida o André. Nao só meu amor, marido, mas meu companheiro, e dos mesmos valores que eu. Pensamos sempre nos outros. E ele também se sente um abandonado como eu me sentia. Nao sentimos mais.

Talvez desse abandono nós tenhamos nos encontrado tão profundamente. Andamos a pé para resgatar alguem de craque, andamos de carro de janela aberta porque nao temos medo, subimos o Roraiama e cruzamos a Venezuela e só vimos belas coisas.  Observamos os dois lados do discurso e da prática.

Então partimos. Ou melhor, o André já está em Lima. Foi  ontem. 
Ja vi fotos de onde comeu, a casa do amigo,a falta do sol. Hoje já era seu primeiro dia de trabalho. E eu, eu na minha eterna vontade de voltar para a Asia, volto ( insh’allah) dia 29. Do hospital eu comprei a passagem e estou bem. Espero que dê tudo certo. Se não der será lá que termina meu  camiho. Não aqui.

Se eu ficar bem, eu volto e em Julho estou em Lima. Minha casa, já combinamos é aberta a todos. E já temos muitos amigos dizendo que vem. E estará no Couchsurfing tbm para que  sempre acolhamos os viajantes que sempre acolhi, e que sempre me acolheram.

Meus queridos amigos brasileiros, nao sintam que a nossa partida queira dizer que nao gostemos de voces. Sintam que os amo, como amo meus amigos espalhados no mundo. De outras culturas, de outros tempo.

 Lembrem-se que somos Homo Sapiens Sapiens e que tem tanta coisa bela para se viver que nao tem porque viver lutando para sobreviver.

Tudo é impermanente. E antes que digam “tudo bem vc tem dinheiro, voce pode” saibam que dos muitos que conheci,  não tinham. Podia falar de um milhão de histórias . 
Falo de um para nao ser um post enorme. O casal de argentinos que conhecemos num trailer  na  Venezuela. Estão já há quase 5 anos pela estrada. Deixaram de se fechar num escritorio o dia inteiro para pagar contas de aluguel etc, para vender o poco do que tinham e comprar um traileir e no caminho viraram artistas, consertos de coisas e nós os conhecemos no Monte Roraima e depois estavam na Colombia, e eu olhei agora e estao na Bahia. 

A vida nao acaba pelo abuso do governo. A vida acaba quando paramos de ter sonhos. Quando tudo que temos é medo do outro. Quando nos fechamos para o mundo. Cada um faça o seu caminho. A nossa partida já começou de começar mas a vejo mais como uma volta para o caminho. Cansei de ficar estagnada.

 

1 thought on “De Volta na Estrada.

  1. ….”A vida nao acaba pelo abuso do governo. A vida acaba quando paramos de ter sonhos. Quando tudo que temos é medo do outro. Quando nos fechamos para o mundo. Cada um faça o seu caminho. A nossa partida já começou de começar mas a vejo mais como uma volta para o caminho. Cansei de ficar estagnada..”👏👏..muito bom😉

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