Sei que é repetitivo mas vamos lá 🙂 estou no hospital de novo e já que estou escrevendo, claramente não estou mal. No entanto, minha última ressonância mostra atividade no meu cérebro e me disseram que eu precisava ser internada.
Preciso começar dizendo que minha médica agora é a Dra. Karen que trabalhava na equipe do Dr. Getulio, que trabalhava no seu consultório e que Janete a secretaria tinha me dito no dia que Dr. Getulio partiu que eu devia ficar com ela.
Só quem tem um médico como o Getulio e a Janete sabe que a partida dele não é perder um médico é perder um amigo, um conselheiro, um mandão , uma referencia de segurança até nas suas disputas. Então eu não quis médico naquela hora e quando precisei fui no Dr. Caio. Ele é muito bom mas não supria o buraco, dúvidas, saudade. Então eu fui buscar a Janete, secretária do Getulio, um banco de informação e agora uma amiga.
“Julieta, falei para você pegar a Dra Karen!”
Foi tão bom estar ali. Ouvir tudo que Getulio tinha feito pelo porteiro, pela Janete que percebia que talvez fosse melhor eu ir lá mesmo. E então Janete disse:
” Sabe eu trabalho a mais e sem ganhar a mais , segunda de manhã pelo Getulio. DRa Karen foi das poucas que pegou seus retornos sem cobrar pois via como um presente do Dr Getulio.”
Ali ela me tocou. Não pelo de graça mesmo porque eu nem o teria. Pelo fato que ali as pessoas pareciam mais compassivas num mundo de tanto egoísmo.
Então entrou a Dra. Karen e a Janete estava certa ela me acolheu. E atendeu o telefone e verificou meu exame na noite que liguei. E me disse que eu tinha que ir no hospital.
Deu uma tristeza. Eu e o André pretendíamos ir de carro para o Peru. O André foi contratado para trabalhar lá. Minha avó tinha dito para ir, iria me visitar. E de repente meus planos destruídos.
“Julieta, se eu pudesse te dava a saúde da minha mente, a do corpo já tem 91”
Chorei ainda mais. Quem nesse mundo seria tão leal como a minha avó? Chorei e acordei ontem as 6:00 da manhã e deixei um bilhete para o André e para minha avó e vim sozinha para o hospital.
Passo por tudo e quando as 7 posso até falar com Dr Caio e chega a minha avó atrás de mim.
Não tem quarto e minha avó fica o dia inteiro comigo. Até a hora do André voltar.
E nessa sala comum conheço pessoas distintas mas a que me toca é uma senhora que tem uma doença auto imune e que ficou paralítica e depois voltou a andar e depois voltou a não poder andar e agora começava a andar. Falando com ela falamos da instabilidade da vida. Do fato que quando perdemos e ganhamos de volta damos mais valor. De lutar para viver e de não se entregar a dor. Como podia me identificava ouvindo ela falar.
“Sim precisamos fazer hoje o que é possível.”
Ela nem eu temos medo da morte e nós duas já confrontamos o perder e voltar ou até o não voltar.
Chega a maravilhosa Dr. Karen e eu digo.
” Vamos injetar 4 dias de cortisona e sei lá mais o que é então eu vou para Burma. E se eu não morrer lá volto e fazemos exame, injetamos mais alguma coisa e eu vou para o Peru encontrar o André.”
Dra.Karen ri e diz “Julieta. ”
Como eu gosto dela. Ela não vem me inundar de des-esperança, de medo. Talvez ela saiba em tão pouco tempo que para mim meia vida é bem pior que morte. E Burma é ponto fixo em mim. E ter encontrado com essa senhora me confirma isso. O passado já foi, o futuro não sei se vem só temos mesmo o presente.
No meu presente de hoje eu já me aceito lá. Dou graças a Deus pela família e amigos que tenho. Ao Getulio que nos deixou todos nós melhor sem nunca ter feito ninguém ser diferente. Então, eu estou no hospital mais uma vez e só escrevo para lembrar a todos vocês de darem valor ao agora. Do amanhã ninguém sabe.
Ju, você de fato já saiu de tantas outras crises, Com certeza, você sairá dessa e vai fazer todas as viagens desejadas e realizar grande parte dos seus sonhos.! Fico contente que você tenha encontrado uma médica que passa confiança para você. Estou torcendo para você sair logo daí. Beijos, Myca