Passei tempo vendo luzes quando Leila Alaoui minha amiga foi morta. Tinha dor e sem contar muito bem para Dr. Getilio desapareceram. Voltaram no dia que soube que Dr. Getulio estava em coma. Eu tive dor de cabeca e via luzes por 2 semanas. Entao resolvi ligar para Dr. Caio que era da equipe do Dr Getulio. Eu o escolhi porque fui no hospital quando Dr. Getulio tinha morrido e eu tinha pensado nisso o dia todo. Abracei sua mulher, e vi Dr. Caio pois ele chorava. Nao pensei em medico. E aih voltou a dor, a luz e eu liguei e pedi para ve-lo. Me atendeu a noite, e leu tudo que o Dr. Getulio tinha feito. Só eu que nao falei de luz. Entao dessa vez eu falei tudo e fui internada.
Eletro, ressonancia, sangue tudo que eu conhecia. Mas Dr. Caio resolveu fazer um angiograma. Ter ficado tantas vezes no hospital por tanto anos já nao tinha mais medo. Me anestesiaram e entraram no meu corpo na perna para ir ate o cerebro. Viram vasculie cerebral. Como disse em ingles Dr. Caio foi tao humilde que disse “que pena que Dr. Getulio nao esta aqui, ele só nao fez esse exame por ser invasivo e nao tinha evidencia.”. Dr. Caio me tocou quando o vi chorando ao perder dr Getulio, me ganhou mais profundamente quando foi tao generoso, tao humilde para dividir credito. “Getulio fez tudo, so nao fez essse porque nao se mostrava evidente.” E é verdade o Getulio tentou desde de 2008 saber o que se passava. Sempre era distinto.
Angitis é auto-imune e eu, sendo eu, queria viajar para Sao Bento e Israel. Tomando cortisona, querendo me darem depois um redutor do sistema imune eu disse “meio vida, nao eh vida. EU gosto de ir a India, a Palestina, a Favela.” E ele me disse “pior eh o aviao com cortizona.” Tao logico que cancelei. E disse injeta logo porque eh pascoa e eu vou para Sao Bento. Dr. Caio ficou meio assim, mas disse que tudo bem.
Sai do hospital na quarta e na quinta viajei. Minha avoh Lucia de 91 operou o olho na segunda e foi me ver todos os dias. Sempre ficou lá comigo. O andre, meu marido, ia a noite. Meus pais estavam na Europa e eu nao contei muito bem porque nao queria que perdessem seu tempo lá. E ainda assim primeiro vem um desespero. E eu pensei em largar tudo. Como sempre. Sabias palavras apareceram. Nosso país em crise. Eu querendo muito saber tudo a fundo. A constituicao. O que pensou o irmao da minha avo, Auro Moura Andrade, aceitando a carta de Janio e entrando uma ditadura aqui. Mesmo dentro do hospital eu ouvia as pessoas da elite falando uma coisa, e as pessoas que moram na Zona Leste contando outras. Poilicia jogando bomba, agua no dia que caiu muita chuva. “Sinal que era para nos nao nos manifestarmos.” O enfermeiro falou do mesmo.
Sai na quarta e dormi e quinta eu nao podia ir na manifestacao que nao era pro PT. Era pro preservacao dos nosso direitos. E eu sentia que há batalhas e batalhas, eu iria para Sao Bento e voltava depois da Pascoa. Fomos a noite e no dia seguinte o mundo começava a se apresentar. No meio de montanhas, eu tomando cortisona, ainda vendo luzes porque estou no meio da crise perguntei a Maria Helena, dona da pousada canto da Lua o que deveria fazer. No primeiro dia fomos a uma fazenda de frutas vermelhas. Comemos do meio dia ate as 5. E minha avoh foi nos contando historias da sua infancia, da sua juventude. E passeamos na fazenda.
No dia seguinte fomos a Oliq que é uma fazenda de oliveiras. Minha avo olhou tudo e conversei com tanta gente. Provamos e compramos por eu saber tendo ido muito por regioes de azeite. Sei que leva anos para ficar mais estavel. Essas oliveiras tem 6 anos. Minha avó admirava as maquinas, as flores, os doces. E eu me sentia tao grata de poder estar ali.
A noite de sabado o céu estava lindo. Sentamos os tres no belo jardim. MInha avó falava das estrelas. Viam estrelas cadentes e eu ainda vendo luzes , como agora, me sentia grata. Que noite. Que presente. Sentamos por longo tempo pensando na natureza.
Eu que nunca liguei para pascoa despertei emocionada. O sol brilhava, o dia se apresentava vivo com gramas, flores, pessoas do bem. Eu fiz yoga na grama. Eu tomei sol demais. Minha avó e andré ficaram na sombra sentados conversando. E eu fiquei amiga da Isabela de 5 anos que me falou de reciclagem, de agua, de vaquinhas, abelhas, de IPad e para me surpreender totalmente dos deuses indianos. 5 anos.
Partimos tarde, comemos num lugar lindo em Santo Antonio do Pinhal. Minha avó contou tantas coisas, e o tempo todo dizia que a vida era muito prazerosa. E eu pensava exatamente o mesmo. Como sou privilegiada. Por que será que tantas vezes me vitimizo e acabo tao doente. Ali voltei mais uma vez aos indios e tibetanos, dessa vez até Jesus. Do fundo, ainda pode cair mais dizem os Indios. Jesus renasce. Vitimizando-se perdemos o controle. E só com dor que lembramos que sofrer é opçao. Apenas nesses momentos nos damos conta que somos responsáveis, que já soubemos disso antes e ainda assim fazemos tudo igual.
Eu nao divido a minha historia para mostrar minha força. Na verdade, é para reconhecer a minha fraqueza, minha responsabilidade, sabendo que posso cair de novo e tudo bem. Graças as pessoas a minha volta a saude volta, e eu acabo me vitimizando. Sei disso. E dessa vez peço ajuda extrema da Dr. Euthyimia que é psuquiatra e está ligada a mindfulness. Talvez essa é a mais dificil missao consciencia. Desejo a todos compaixao, amor, consciencia e que essa pascoa se apresente como possibilidade de vida. Nao é importante quantos anos vivemos, o que importa é que vivamos bem os anos que vivemos.
Viver bem nao é determinado por dinheiro. Dinheiro pode dar benefico ou prejuizo. Viver bem é dar valor ao que temos e o que podemos fazer pelos outros. Viver bem é viver. É confrontar o que doi que é sempre nosso. É aceitar a luzes… uma hora elas desaparecem enquanto ainda estão aqui é melhor admira-las do que sofrer…. mesmo com elas eu escrevo para dividir e agradecer. Quem sabe eu sinto falta delas um dia…. Sabemos muito pouco.
Nossa Jules! que relato expressivo! tive a impressão de sentir o que você descrevia! Como vai você? Está melhor?
obrigada. Sim eu estou melhor 🙂