Conheci Carlo num boteco de Luang Prabang no Laos. Em Luang Prabang todos os bares fecham as 11, e depois disso sobram os turistas desesperados para encontrar um lugar para beber, a discoteca que fica fora da cidade, e o BAO LING ( boliche) para onde todo mundo vai dancar e beber enquanto as bolas percorrem tortuosos caminhos. Eu conheci Carlo no bar Lao Lao, bar que tem o nome da pior bebida da Asia ( um whisky feito de arroz que segundo os que provaram tem efeitos colaterais mais graves que tomar gasolina) onde a maior atracao eh a sinuca de graça. Assistimos um lady boy e uma moca Lao jogarem contra dois ocidentais. Como o jogo nao terminava nunca comecamos a conversar.
Carlo tinha 33 anos. Aos 27 se tornou CEO de uma empresa americana da qual ja nem me lembro o nome, aos 31 estava ganhando muito dinheiro, “engajed” para casar e absolutamente infeliz. Resolveu partir. Sua mae que trabalha na ONU teve um ataque. Seu pai neurologista apoiou a ideia. A noiva, bem dessa eu achei melhor nao perguntar. E ele partiu para o que seriam 6 meses de viagem, e quando eu o encontrei no Lao Lao ja fazia 2 anos que ele viajava. No Laos voluntariava por um tempo numa reserva de protecaos aos elefantes. Pelo que ele me contou, o Laos é o pais no mundo que mais tem elefantes selvagens.
Perguntei onde no mundo ele tinha estado, e a lista eh tao extensa que eu ja nao me lembro. Quando ele no entanto me contou que viajou por dois meses a Mongolia, pedi mais detalhes. Eu morro de vontade de conhecer a Mongolia eu expliquei. Carlo tirou a camera do bolso e mostrou me uma foto de dois cavalos lindos. Nao compreendi exatamente o porque dos cavalos ate aparecer as proximas fotos. Eram da Mongolia. Vi as famosas casas/tendas nomades, as pessoas, o deserto, muito terreno inospito.
Entao Carlo contou me que viajou sozinho a cavalo. Comprou dois cavalos um para carregar as coisas, e outro para ele mesmo e cruzou a Mongolia. Sabendo dos riscos que incorrem visitar a Mongolia perguntei a ele. ” I had an Axe and a knife, and the face of someone who is ready to use it.” No mais, saindo das cidades as pessoas sao muito generosas. Sempre te convidam para entrar na tenda delas, para ficar.”
Carlo cavalgou por semanas chegando a ficar ate 2 semanas sem falar com niguem. Falava com os cavalos nessa altura me explicou. E num certo dia no meio dessa cavalgada em silencio por muito tempo parou e pensou ” Qual é o sentido da minha vida nesse segundo? ” “Percebi que era apenas existir, sobreviver, e nesse dia eu soube que para mim isso era pouco, procurei um vilarejo, e encontrei um homem velho. Eu nao sabia falar a lingua dele, nem ele a minha, mas percebi que eu podia ajuda-lo no seu trabalho. Eu o ajudei. E ali a vida ganhou sentido. Faz so sentido existir quando voce se relaciona com outras pessoas.” E essas palavras me fizeram lembrar claramente do final do filme Into the Wild “Happiness is only real when shared.”
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