Porque as vezes quero sair sozinha

Hoje quero contar como fiquei tocada de ter ido sozinha ao Hospital. Sei que minha mãe queria ir comigo, o André também, mas eu sentia uma força interna de ir sozinha.

Me fez lembrar de como antes eu ia a todos os lugares do mundo sozinha. E agora sentia o que significa, isso de nós dependermos dos outros. O que significa?

A verdade precisamos sempre dos outros :). Queria eu me lembrar como era, como eu fazia antes. É claro é falar e observar os outros 🙂

Assim eu fui ao Oriente Médio, Ásia, África, Europa e América Latina. E eu sozinha conseguia aprender dos outros.

Mas comecei a sair sozinha quando conhecei uma senhora Australiana que tinha 83 lá na Bolívia. Essa senhora nem sabia falar espanhol e ela viajava de lá até a Europa para conhecer a América Latina sem ser de grupo de turismo. Queria demonstrar às filhas que estar viúva não é que a vida acabou, a vida continua.

E eu percebo que o melhor é aprendendo dos outros. E ela me sugeriu ir ao Peru. Eu estava viajando com o Sho e eu disse: “Sho, vou te abandonar porque se ela nem fala e consegue, eu vou tentar.” E claro assim ela me ensinou a sempre dar valor como ha tanta bondade na humanidade. Eu aprendo de todos. Porque eu tinha ido ouvir música e só tinha 3 pessoas na plateia. Quando eu falei em espanhol e ela falou que não sabia, eu a convidei a sentar na nossa mesa. Ali ela nos contou.

Mas hoje eu com quase 40 anos sai de um novo bairro e tomei um taxi, porque o vi do lado e aceitava pagar com cartão, e por me fez lembrar da vovó pegava mais o taxi para não dar trabalho ao Andre levar, e ela não sabia pegar o Uber :). Mas vovó sabia que eles eram de uma maneira do taxi nem se dava mais valor aos taxistas como antes.

Quando cheguei no hospital, eu expliquei de cara que talvez eu errasse, mas assim eu entrei nos meus exames e sempre com as histórias de falar com todos pelo caminho para acertar.

Sei que o que mais me tocou foram de das coisas que eu vi e falaram.

Primeiro quando eu cheguei muito antes do pontual eu vi muitos idosos. Talvez o que mais me tocou foi de ver 3 senhoras de uns 80 a 90 anos esperando. Eu pensei que estavam de máscaras e eu pensava que iriam todas fazer exames antes de mim. Uma delas lia um livro e duas falavam, mas eu não sabia o que era.

Vi também 2 mulheres que chegaram com um bebê. Elas chegaram pontualmente e foram juntas para levar seu filho. Mas a idosa continuou a ler e de repente falaram o nome de uma senhora.

Quando se levantou para ir sua amiga disse “não leve tudo pode esquecer”, a amiga concordou mas disse: “melhor o fundamental, eu levo mas você fica com a minha mala”. Aquilo me tocou demais. Senhoras de uns 80 a 90 vão acompanhar a sua amiga. A outra não tinha ido fazer exame ela era uma amiga.

Quando fui fazer o exame e contei a médica, “fiquei tocada de ver como amigas se ajudam e não é perder a liberdade, um tipo de uma prisão.” Disse porque conheço muitos que tiveram filhos e dizem que apesar ser uma prisão amam essa prisão. Eu pedi desculpa se tem filhos. E para minha surpresa, “concordo, já estamos numa nova geração e muitos como você e tantas amigas minhas preferem ter um cachorro.”

E quando eu saí e era o tempo da senhora que lia, ela parou e disse, “é difícil perder uma parte do livro. Depois tenho que voltar para eu entender. “Espera eu vou ler e já vou. Baixou leu um pouco mais e então foi. “Eu admirei demais. Ela sozinha e percebeu que observava e disse: “Ler é muito importante, nunca se está sozinha com um livro”

A minha admiração aos idosos nunca acaba. Agora a amiga da vovó Daisy, que tem 93, me manda mensagens de whatsapp, grava, ajuda o filho da empregada que mora há 9 anos. Desde que nasceu e como ela sabe como admiro faz uns dias, o menino ganhou nota 10 nas provas, teve uma explosão de felicidade. Daisy ajuda ele em todas as matérias. E é esse menino que chama ela de vovó.

Eu admiro demais. Ainda esses dias, sempre devemos observar e falar com os outros. Daí vem a minha admiração de ir sozinha, é porque eu vejo como é que até sozinha sempre há o outro, é tudo que vemos é como um livro.

Com amor
Ju

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