Hoje, falei com a minha amiga que vai fazer 95 anos e ela me disse que eu deveria escrever. Sonia era amiga da minha avó. E claro hoje é minha amiga.
Ela me disse que eu deveria contar contos que passaram comigo. Disse ela que sempre ouvir histórias dos outros e falar. Então conto.
Um desses dias falei com uma outra da amiga da minha avó. Ela me contou que não tinha nenhum filho ou neto, ninguém neste pais. Alguns moram fora, outros foram bloqueados por corona porque estavam trabalhando fora.
Ela tem 93 anos e contou quando sua empregada há 9 anos ficou gravida e foi morar com o namorado. Ela ligou desesperada porque o sangue saia. A senhora disse de longe, “Vá a o hospital”. Quando nasceu o bebê, o namorado que é porteiro perguntou se esse bebê não podia ir a sua casa dela e depois pegava.
Ela aceitou, ele deixou de noite e de manhã pegou e partiram. Um dia dentro da licença maternidade ligou: “Vou morar na rua. Não posso trabalhar”. Isso não fazia um mês que o bebê tinha nascido. Essa senhora me disse, “você está louca? Venha para minha casa”
Quando liguei para falar com ela e essa senhora estava ensinando inglês para o menino, ela disse que ensinava tudo, o duro era matemática. Ajudava em tudo da escola o filho da empregada e que ele a chama de vovó.
Me tocou. Ela lembrava das críticas do pai, sobre matemática. Ela é ruim até hoje, mas fala 6 línguas e sabe das áreas do cérebro. Ela me contou que o menino foi morar com os pais quando nasceu, mas isso não durou nem 1 ano e então veio morar na casa da senhora.
Faz 9 anos que esse menino mora com ela. Quando liguei para falar com essa senhora, ela estava dando aula de inglês para o jovem. Na verdade, estava ajudando em todas as aulas.
Ela me contou sua vida que é um livro. Com 93 anos me contou que muitos acham errado o filho de empregada chama-la de vovó. Ela achava um presente. Sem ele não teria alguém que a acompanhasse até embaixo para tomarem sol. E dele, ninguém tomaria as aulas.
Aquilo me tocou. Mas ainda me tocou mais foi que, enquanto eu escrevia isso, ela me ligou.
O menino sente saudade dos amigos. E eu a cada dia admiro mais os idosos. Têm histórias maravilhosas. Pena que pouco se dão conta.
Hoje quando ele disse a ela: “Vovó chega de ler português”, “verdade hora de ler em inglês”. “Mas eu erro muito vovó”. “Mas é assim que aprendemos. Quem não era na vida? Sempre aprendemos erramos e aprendemos na vida”
Com amor,
Ju