Estava eu ponderando do que eu queria escrever. Eu que falo tanto fiquei tanto em silencio na mesa na hora de almoçar, e então minha avó me perguntou em que eu estava pensando. Contei que eu estava triste pelas coisas que meus pais tinham dito outro dia, ou dias.
Basicamente é dizer que meus comas me deixaram sem as capacidades do passado. Eles não percebem que essas frases são muito duras.
Meus pais não são violentos, mas verbalmente nunca me de aceitaram como sou e sempre quiseram que dissesse outra coisa, ou melhor de como somos. Sei que não sou só eu que penso nisso. Sei de muitos que tem coragem de contar. Eu triste então minha avó me contou que seu pai contava que seu pai ( avô da vovó) dizia que as irmãs eram do pai da vovó eram inteligentes e o pai da minha avó não teria bom futuro.
Errou totalmente porque o pai da minha avó teve extremo sucesso em tudo mas no entanto ele nunca esqueceu pois até minha avó sabe que ele nunca se esqueceu.
Não estou aqui no estilo psicologa. Gosto das minhas ponderações de como é difícil ser pais e aceitar eles serem não como imaginavam que deveriam ser.
Esses dias veio aqui a Naoko que tem 83 anos e continua fazendo o que ama. Falamos da tradição do Japão. Basicamnte o filho mais velho tem que fazer o que pais pensam que vai fazer e que eles pensam que é o melhor. Sei que por isso poucos se casam e tem filhos no Japao.
Quanto à India também sei que o filho mais velho é responsável pela familia. Ou seja não tem liberdade de escolha. Tem que fazer uma carreira para ganhar dinheiro e ter culpa do resto da família se não fizer. Não sei só por ler, sei por conhecer as pessoas que me contam.
Eu que inventei de aprender a tocar piano, e o senhor extremamente bom afinador me contou que não era sua escolha. Avô, pai, ele e agora o filho foram e são afinadores. Esse senhor toca bem mas não gosta. Não teve a chance de fazer a escolhas do que gosta. Pode ser que goste, mas não sei.
Quando eu estava fazendo minha primeira aula de piano fui explicar que eu sou péssima em memórias visuais. E ela achou que tinha aprendido por ver 🙂 Me disse para de pensar no coma e que esse bloqueio iria aos poucos me libertando. O meu maior bloqueio é musica. Musicas ficam internas mas não saem.
Me tocou. Enquanto meus pais vivem me dizendo do coma e minha avó vive de falar “ chega desse coma querido”.
Eu digo “ esqueça que ter 94 é ser velha negativamente. Ai eu esqueço o coma”
Mas é duro quando estamos envelhecendo não pensar negativamente. Eu acordei não faz nem 2 anos.Não conseguia abrir o olho, falar, andar, lembrar etc.
E voltei e aprendi que quase morri e não tenho medo disso. Aprendi que epilepsia é um sintoma de alguma coisa que não sabem o que é.
A minha recuperação ainda mais inexplicável. Voltei a falar línguas, yoga, memórias do fatores que me tocaram muito. E do presente os voltaram.
Pq sera? Honestamente desde de pequena queria me matar. Fugir de casa mil vezes. De onde vem nao sei.
Nas minhas ponderações me faz lembrar que um ataque epileptico é uma fuga interna.
Anos atrás fiz vipassana. Lá vc fica sem livro, sem telefone, sem falar. Voce é seu maior inimigo.
Lembro que vou ver meu amigo Lama Lobsang que é monge do Tibete. Mostro as regras e ele concorda que é dificil. Eu esperava apoio mas ele dizendo, se se sentir mal vai embora. Me libertou. Tantas vezes e não ia. Na libertação fui.
Quando ficamos sozinhos aprendemos a ver os outros e nós mesmos.
Lama Lobsang dizia como Dalai Lama nosso maior inimigo é o nosso melhor amigo. É nós mesmos.
Sentei em silencio escrevendo e ponderando de onde vem essa fuga? É de quem não diz o que quero ouvir? Ou sou tão pouco evoluída de saber que pais sempre tentam fazer o melhor que pensam mas tem muito medo dos nosso erros. Ou quem sabe já são os seus próprios erros.
Tudo que aprendo da vida e que vem do egosimo e do medo não ganhamos nada. Todos nós vamos partir da terra como somos.
E na verdade em nenhum estudo, religião, filosofia, antropologia, medicina não realmente sabe. Sabemos quase nada com tantas versoes. Sigamos o caminho que achamos que é melhor. Deve ser no mistério interno que descobrimos qual é o nosso caminho.