Escorregar mas não cair no fundo do poço.

Já foram tantos lamas, e monges que já ouvi que nem sempre sei de onde foi que veio uma certa informação. Só sei que  uma certa vez me foi dito que devemos ser compassivos, conscientes na busca da iluminação mas com cuidado.  Pois mesmo quando nos cremos conscientes e compassivos podemos nos afundar por não percebermos os nossos limites. Acho que a parábola era de alguém muito elevado que resolvia tirar alguém da bebida e senta-se para beber junto o tal perdido. E claro, uma vez alcoolizados os dois perdem a consciência

 

Estou no Peru. Feliz com o Doutor Pan. E ainda descobri que Chamtrul Rinpoche vinha dar aulas aqui.  Chamtrul é um Tulku Tibetano.  Passei das 10 da manha do sábado as 7 nas suas aulas e não é que no final uma menina Suíça resolve fazer uma pergunta. Todo o tempo falamos de meditação e de física. E ela pergunta “O que se deve fazer quando tenho tanto ciúmes que quero matar o homem por quem tenho tanto ciúmes. “

 

Todos ficaram surpresos. E eu comecei a falar com a senhora ao meu lado, Isabel, que era budista. Tinha lido muito Mathieu Ricard.  Tinha feito inúmeras anotações.  No domingo volto ao centro e tinha pensado toda a noite sobre a menina que era claramente descontrolada e sofria. Na hora do almoço Isabel me convidou para  almoçar com ela e o Rinpoche e mais algumas pessoas e eu na hora pensei que devia procurar a menina porque ela precisava de ajuda.

 

Comemos juntas, ela é uma bomba para explodir e tendo de um tudo. Ela quer ir no seu hotel e quando vamos lá a recepcionista diz que ela tem que partir do hotel. Pede para falar sozinha mas  “M” diz que posso ouvir tudo. Então eu realmente não sei o que fazer e digo. Venha para minha casa.  Assistimos mais horas de ensinamentos tibetanos. André éstá em Juliaca e tem Soroche. E eu a trago a minha casa.

 

Faço algo para comer, cha e abro uma cama para ela na sala. Mostro para ela o banheiro da sala e conversamos. Ela me conta que seu ciúmes era do Rinpoche, me conta dos seus sentimentos do abandono, dos seus pensamentos  de suicídio. Me mostra a sua arte. E quando vai tomar banho acredito que está mais calma.

Antes tinha falado com ela, falo de Dostoyeviski dizendo pela voz de Alyosha que Dmitri está menos longe do caminho da evolução pois conhece a raiva,  o ódio etc. Vou dormir e então enquanto eu não me surpreendo tanto por ela ter tido pensamentos de morrer, porque já os tive e nunca mentiria sobre isso. Nunca tinha estado do outro lado com a preocupação que alguém se matasse, ou morresse do meu lado. Seu banho não terminava. Quando termina ela sai metade pelada e vem ao meu quarto, deita ao meu lado. Eu observo. Ela de repente desperta e não sabe onde está. Quer ir atrás do Rinpoche.

Digo para ela que esta semi nua e ela sai assim mesmo. Desço para portaria e a vemos nas câmeras.  Vamos atrás dela. Ela volta a minha casa e coloca calças e sai. O porteiro me avisa que saiu descalça.

André chega as 2. Ele está cansado e eu me lembro da parábola e  penso que tenho que dormir.  Finalmente pelo menos tinha deixado a porta fechada e a chave com o porteiro para o Andre, só para o André. Tão difícil foi.  Só quando o Andre chega que eu durmo. Acordo ligo para a embaixada da Suiça.

Sabem que ela é um caso estranho.  Ligam de volta e me dizem que posso levar todas suas as coisas para lá. Eu tinha pedido para fazer isso.  Ficaram na minha casa malas, computador passaporte, toneladas de remédios, pinturas, câmera, 5 malas que não abri, não investiguei, só procurei seu passaporte. Tudo que falei era porque estava no chão. Não é da minha personalidade mexer nas coisas dos outros.

Tomo um taxi e quando estou quase lá me ligam da embaixada para me dizer que ela apareceu la. Se quero ou não vê-la. Sei que não posso cura-la mas também sei que não devo ignora-la. Desço e falo com ela.

Está de olho roxo, pé queimado, machucado.  Me olha e diz:

 

“Vamos tomar chá Julieta?

“ Desculpa M eu não consigo. Eu fiquei preocupada,  faz 12 horas que você desapareceu.  Trouxe todas suas coisas para cá e não consigo mais te hospedar e acredito que você tem que voltar ao seu país.”

Conto tudo que se passou com ela. Ela faz perguntas. Ela chora.  Ela pede desculpas. Conta que bateu nos policias. Que brigou na rua. Entende que não posso hospeda-la. Diz que não tem dinheiro para voltar.

Chamo a moça da embaixada para dizer a ela que basta ela dizer que quer votlar.  M sabe disso e confrontada chora. Diz que tem medo de voltar. Não quer psiquiatras. Não quer tratamentos. “Por que sou  tão abandonada?” Percebo que ela quer meu amparo e me lembro que viro o quase iluminado que bebe. O indígena que manda não tirar alguém do buraco pois cai de novo.

Esse foi o ato mais difícil dizer que não ia poder ajuda-la. Ela aceitou com uma dor evidente. E eu parti e liguei para o Andre que foi comer comigo. E eu liguei para Dra Euthymia que me mandou uma mensagem que me trouxe mais amparo. Peguei um taxi e fui ao centro do Dr. Pan.

 

Todo o meu caminho pensava que sou grata por ter Dra. Euthymia sempre aberta a falar ainda que tome um caminho distinto. Dr. Pan e a Talia que faz relfexologia e massagem. O André e que aqui em Lima ainda fiquei amiga da Isabel que pegou meu contato e se ofereceu para me acompanhar até a embaixada. Agora me liga para me convidar para almoçar com o Chamtrul Rinpoche na sexta.

 

Eu desejo do fundo do meu coração que ela parta para Suiça porque não é em transito que encontramos respostas. Nem parada. É na profunda busca de estar presente dentro de nós mesmos. É de termos consciência dos nossos limites.  Confesso que eu escorreguei.  Fiquei tocada pela sua solidão. Pela sua doença que deve ser esquizofrenia.  Por um egoísmo tao latente que não se da conta do tanto que se machuca, do tanto que machuca os outros.

 

Agradeço a todos vocês que são parte da minha vida. Sei que quase sempre minhas mensagens são coletivas mas o sentimento é verdadeiro. Com o milagre do sono, da comida, da meditação, da yoga, acunputura, relfexologia e o amor de todos você eu só escorreguei não caí no fundo do poço.

 

Obrigada.

ps:Conto a Talia que diz que a Leila é meu Anjo. Na mesma hora recebo uma mensagem da Joss. Vivimaos as 3. Joss me conta que chorou muito pensando em Leila e que queria me ver. Joss não é uma pessoa de falar. Meus olhos inundam de emoção. Talia quando conto enquanto ela toca meu pé ela tem certeza que toda minha proteção vem do meu Anjo Leila.

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