Quando muitos dias se passam e eu não escrevo muitas coisas acontecem. E quanto mais dia adiado mais histórias não contadas. Nem sei por onde começar. Talvez pelas palavras da Monja Coen que diz que a raiva é natural e que quando ela vem devemos observar. Engraçado porque para mim em qualquer momento que vejo uma injustiça acorda em mim o pior. Monja Coen fala do comum pensamento budista de que tudo na vida é impermanente e naturalmente essa braveza que é acordada muitas vezes vem de você estar estagnada ainda em algo do passado.
Hoje eu acordei com a notícia da politica no Brasil que naturalmente não tem nada de positivo a se pensar a respeito. Ponderei quão útil seria para mim ler tantas noticias vindo do Brasil de profunda braveza. Post feministas tão assustadores como os posts machistas. De cara me dá vontade de gritar e dizer que somos seres humanos. E claro meu coração se acelera mas nem digo nada penso que é bobagem dizer.
Quando ouço hoje Monja Coen falando me lembro que aqui em Lima tudo transcorre em paz. A raiva me visita pelo facebook e em todo lugar que como orgânico que é permeado de estrangeiros. Mas mesmo sem ouvir a Monja Coen simplesmente mudei de lugar nem quis entrar em historias de terrorismo de muçulmano de alguém que nunca foi ao Oriente Médio. Saí de perto. E para minha surpresa quem estava defendendo os muçulmanos era um senhor americano. Quem estava agora falando mal dos muçulmanos eram homens viajantes que sei lá de onde são. Me percebi estagnada no meu trauma de ter morado em NY em 2001 e ter vistos duas guerras injustas. Irônico, hoje esse senhor que já viveu muitos anos tentava deixar os jovens mais ponderados. Inacreditável que eu saí de perto. Fui conversar com o moço do café que já se tornou meu amigo.
Nesse café conheci outro senhor que é Espanhol que morou em muitos países e então quando ele me disse que quando volta para Espanha ele realmente se sente de fora. E eu ri e disse que sentia o mesmo me sentia de fora no Brasil no Brasil. Ponderei e me dei conta que aqui sou de fora e isso é normal mas quando você se sente de fora no pais que nasceu existe uma certa forma de violência maior. Como se todos achassem que o faz por arrogância, ou elitismoe claro quando está fora é melhor acolhida. Sou de fora, tudo bem, não tenho que me justificar. Enfim, com esse senhor Espanhol percebi o que sempre sinto: “que me sinto muito bem fora do Brasil e não tenho nenhuma vontade de voltar ao Brasil.
Todo domingo vamos a feira orgânica e dessa vez conheci um casal de pessoas bem mais velhas que eu e Andre e somos convidados para ir a exposição do Carlos C. Aubain. Passei um tempão conversando com a esposa que era interessantíssima e me convidou para ir a sua casa. Somos vizinhas e para minha surpresa quando entro no site de Carlos descubro que ele não é apenas um senhor que pinta. Ele é talentosíssimo. Ele nasceu na Argentina e começou a pintar com 8 anos . Já ganhou prêmios no começo dos anos 70. Partiram da Argenina em 75, provavelmente por causa da ditadura. Morou na Califonia e meio que expõe nesses três países. Sem duvida iremos nesta sexta.
http://aubainartgalleries.com/biography.html
Um lugar vai se tornando casa quando vai encontrando essas pessoas certas. Katia da feira que me indicou tudo. E passei a comer no Germinando Vida. Comida Vegan, pessoas incríveis que já se tornaram meus amigos. Já até organizamos de fazer yoga juntas na terça quando o restaurante está fechado. Milusca, que é a dona, me explicou que está aprisionada de um lado um médico alopático demais. E do outro um natural demais e não é que sou eu a de fora que conto do médico que encontrei.
O acaso da vida me fez cair nas mãos de Dr. Pan. Fui meio sem saber mas ele me atendeu e fez uma leitura dos meus olhos. Um homem mais velho, e de poucas palavras, eu nem disse nada e de cara ele me diz vc tem um problema de inflamação de veias e de ficar nervosa facilmente. Contei que ele estava certo eu tinha vasculite e que fazia 6 meses que tomava 40 mg de cortisona e que estava tirando. E então ele me diz “não se pode tirar.” Concordo e digo a ele que estou diminuindo. Ele não tenta me empurrar mil coisas. Diz que acupuntura e refleoxologia era suficiente. Eu insisto e ervas? E massagem? Não é necessário de tanto eu insistir me da um cha e fico radiante. Marco de ir duas vezes por semana. Fico ainda mais impressionada na acupuntura.
Na Asia tinham me explicado que quem coloca muita agulha não sabe oque esta fazendo. Ele colocou pouquíssimas. Na minha cabeça, no meu pé.
Voltei ontem e senhor Pan me surpreende mais quando vejo que ele dá ervas para outros. Cada um tem um tratamento diferente. Faço a relfexologia e de cara a menina que aperta meu pé me diz que eu estou com nervosismo contido. Um ponto meu dói, tão estranho, e ela fala de circulação. Do homem do lado a outra fala de lombar. Quando esse homem partiu converso com a Talia que me conta que tratou da sua avó. E que estudou reabilitação. Contou sua vida. Como era trabalhar de vendedora com 17. Da saudade que sentia da sua avó que já tinha partido. E que ali ela estava no trabalho certo. Eu fico emocionada. Jovem e me diz “quanta energia presa no seu corpo. Seja qual for a sua preocupação esqueça. De repente chega o Dr. Pan.
Sendo eu digo olá e ele visivelmente tem muitos clientes pede para eu soletrar o nome. Busca seu papel com meu nome. Confirmo ele olha o que ele escreveu em Chines e me diz que vai fazer Acupuntura e um outro tratamento que é meio Mocha mas diferente. Diz que pareço estar comendo melhor mas que ainda parece para ele que como pouco. Concordo com as duas coisas. E o abraço porque este realmente era o médico que eu queria. Poucas palavras. Calmo. Asiático. Mais velho.
Digo que quero vir todos os dias e ele diz que isso é exagero. Sugiro 3 dias. E ele me diz que se puder é melhor. No entanto, ele nunca tenta enfiar mil coisas. Sua clinica tem massagem, tem tudo. E ele realmente é um homem especifico sobre a realidade das coisas. Na hora de partir pedi para tirar uma foto com ele. Mostrei a ele a foto da minha avo comigo. Minha avó de blusa Chinesa, calça Thai. E Eu de lenço do Laos e Blusa da Thailandia. Ele olha e diz… vc está ficando parecida com sua avó. Fiquei feliz.
Dos mistérios da vida descubro por acaso que Chamtrul Rinpoche viria ao Peru. Escrevo para minha amiga Denise que conheci na frente de SS Dalai Lama e me levou a Karmapa e tantas outras coisas budistas. E não é que no milagre das coisas a internet funciona do seu WhatsApp e ela está no Tibet. Ela o conhece. Eu o escrevo e hoje ele da uma palestra na embaixada da India.
. Sinto-me verdadeiramente abençoada. Deixo vocês com as sabias e curtas palavras da grande Monja Coen.
Com amor, Ju
Ju, obrigada pela mensagem. Que bom que você encontrou o Dr. Pan. As coisas vão se acertando como num tabuleiro de xadrez. bjs