São Paulo está ficando cada vez mais vazia e ainda assim não conseguimos transitar as ruas calmamente. Dizem por aí que muitos que trabalham em Sao Paulo voltaram para suas cidades para celebrar o nata e o Ano Novo. No entanto, eu fico sempre presa pelos caminhos. Também é verdade que simultaneamente as pessoas que estudam ou trabalham fora também estão vindo de voltar para ca .. Mas o numero de doutorandos,e meus amigos que vem e aparecendo infelizmente nāo justificam todas essas mil horas no transito.
Sabrina chegou da Holanda ainda que eu enxergue nela tudo que há de Ny, de Londres, e até da Suiça. Ela toca suas músicas do lado do Fernando de La Rua… eu sinto a Espanha, enquanto ela vai passeando por tocas as incongruências que fazem parte de nos cidadãos do mundo.
Felipe aparece em casa de tarde, vindo do Rio, falando dos seus filmes, e eu que conheço Laura, fico desejando ver Casagrande. Enquanto ele tira o livre com esse nome, da minha prateleira a minha mente vaga no novo filme que ele faz… e que se passa na Africa.. Conto ao felipe meus projetos.. será que eu os tenho?
Rimos enquanto ouvimos eu falar das minhas bobagens… tantos anos faz que nos conhecemos. Tiro uma foto não muito clara enquanto ele toca piano, lembro de como há mais de década Felipe me explicava que era um multi-instrumentista frustrado. Rimos disso. Que tolo. Posto a foto meio errada e para minha surpresa até do Marrocos sabem que somos nós dois.
Na minha mente vêm as fotos de Leila e dos refugiados da Siria, ela la no Líbano. Não há nada de similar com a nossa foto. Nada além do que um pequeno toque que nos conecta. Eu tiro a foto e aquela foto uma década depois me faz dar gargalhadas.. mostro ao felipe as minhas musicas velhas… mostrar minhas ultimas composições…
Acabo até mantendo a minha alma nômade aqui. Até conhecendo desconhecidos pelos caminhos enquanto vou revendo pessoas do passado. Claudia propõe um ultimo encontro. Temos jantares e ainda por cima devemos ir ver uma meio cigana indígena encenar Ofelia em Hamlet lá em Pinheiros.
Chegar lá de Higienópolis é uma missão que demora 3 dias. Como sempre diz minha avó “teatro da mais trabalho que o cinema”. No entanto, mesmo tendo falhando nas nossas primeiras tentativas vovó nāo se desanima. Uma vez tinha me dito que não devíamos recusar um convite. Devíamos sempre ir e nos sentirmos gratos ao outro por desejar a nossa companhia.
Dessa vez então, chegamos com uma hora e meia de antecedência Pegamos os ingressos e fomos procurar um café para esperar. Achamos um boteco de ultima categoria para esperar uma hora. No entanto ele era próximo e vovó, olhando as paredes constatou que por ser tão velho e ter garçons antiquíssimos devia ter boa comida. Como sempre… vovó tinha razão.
Chegaram os pasteis e os bolinhos de camarão, o meu chá, a agua da Lúcia e a Cerveja de vovó. Logo mais apareceu meu amigo e ex professor marcelo e juntos fomos ver Hamlet. A peça foi muito bem feita, e adaptação muito interessante e eu surpreendentemente não quase adormeci. Hoje em dia sempre me da muito sono graças aos remédios que me engordam e me dão muita fome. Graças a deus estão diminuindo e logo mais terminarão. Enquanto isso vou tomando os remédios cada vez mais tarde e mais tarde para voltar a velha vida 🙂
Ontem a noite resolvemos passear a pé pela noite, pudemos de fato ver a tal misturada das coisas que é o Brasil, passando desde lugares de judeus, A igrejas católicas e até a uma igreja evangélica onde cantavam algum ritual de natal. Parei para ver, depois continuei a caminhada e na volta as pessoas continuavam lá cantando muito alto, e ainda havia mais gente.
Eu já tinha me surpreendido muito vendo na Globo um batismo evangélico muito longo na novela das 8. Agora na volta da nossa caminhada a celebração continuava ainda mais intensa e havia também um carro grande tocando um tipo de um axe bem na frente da Igreja. Fomos naturalmente convidados para entrar na Igreja… Lúcia agradeceu e imediatamente recusou e me convenceu a partir também…. já para o Axé nos não fomos convidados…massem dúvida atras do trio eléctrico nos teríamos ido 🙂