The Travel Bug

“Como foi la na Asia?” É a pergunta que eu mais ouço quando eu encontro com alguem que eu nao vejo já faz um tempo. A segunda pergunta é ” E ai como é estar de volta?”. Essas duas perguntas sao as perguntas que eu tambem faço aos meus amigos viajantes, e que eu sei que não há como responder. Como colocar em uma frase todos esses sentimentos ambivalentes, todas as pessoas, gostos, cheiros, sensações e experiencias?

A segunda pergunta eu geralmente respondo dizendo que como eu ja estou acostumada com essas idas e vindas o meu retorno foi so mais um. E que eu ja estou adaptada de novo. Mentira. Acho que essa é a mentira que meu corpo quer acreditar. No entanto, toda a vez que eu vejo o status update de algum amigo viajante no Facebook dizendo “Tomorrow Myanmar” “Anyone in Vientiane? “, “Climbing in Railey..”, “Stranded in Pak Ben”, o meu coracao aperta. E eis que ontem, eu parei sozinha para olhar a minhas fotos. E meu deus como apertou. Que saudade das criancas da minha escola. Do cheiro de comida de rua nos night markets. As eternas massagens. As estorias, os sorrisos. Os perrengues. As jornadas exaustivas. Os dias pelo barco no Mekong. A enorme liberdade de poder decidir trocar de pais como quem troca de calcinha. Variar de roupa é um luxo maior do que de cidade pois a mochila carrega pouco.

Falando online agora com minha querida amiga Gabi que se mudou esse final de semana para Bangalore na India sem nunca ter antes estado la a minha saudade apertou ainda mais. Eu tentei alivia-la do stress do primeiro momento. Ele me contou dos banhos de cuia e eu lembrei dos meus. Da vontade de chorar no primeiro, do medo da agua ser muito suja, e de querer acima de tudo achar que tudo era normal. Lembro tambem que aos poucos comecei a achar que o banho de cuia era otimo para nao gastar muita agua. E eventualmente de em dias de calor achar o tal banho maravilhoso. Lembro do meu primeiro banho de chuveiro depois de ficar no vilarejo rural. Do enorme prazer que eu senti ao tomar um banho quente.

Essas lembrancas que sao pouco verbais sao dilacerantes. Parece que elas ficam gravadas no corpo. Como um cheiro que vem de repente a mente e te deixa um pouco desnorteado ate encontrar o lugar exato… o cheiro da madrugada meio aos templos do Camboja. E quando o lugar é encontrado vem tudo. E ai…. ai corta, aperta… da um medo de nunca mais poder voltar para a Asia. Nunca mais poder sair e ver o mundo.

Um americano sentado do meu lado numa lan house falava pelo skype com a familia. Depois de meses viajando tinha constatado que aquilo nao era para ele. Era muito. Era coisa demais. Muitos ois, e muitos tchaus. Ele era uma pessoa caseira. Achei bonito ele perceber isso. Ele provavelmente voltaria para casa e teria vontade de viajar de vez en quando. Sem ser atormentado pelo desejo de sair viajando o mundo o tempo todo. Outros como esses que populam minha lista de amigos no Facebook foram picados e contaminados de vez pelo “travel bug”. Eu imagino “a travel bug” meio assim como Malaria. Que voce vai adquirindo com o tempo, com cada picada. Que a parasita vai se replicando no seu corpo ate seu sistema imunologico nao dar mais conta. E ai ela causa um episodio reincidente todo ano.

Quando eu cheguei e penei no meu vilarejo rural minha amiga de faculdade Sabina, que tinha feito trabalho de campo na Tunisia me disse ” Enjoy the cultural shock, it will soon turn into an intoxication, and then , then it is much harder!” Como ela tinha razao.

9 thoughts on “The Travel Bug

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